Leka e Kaverna

Sunday, April 24, 2011

A Borboleta Amarela



(TEXTO ESCRITO PRA TRABALHAR COM CRIANÇAS QUE EU DAVA AULA DE TEATRO ANO PASSADO...)

Catariana estava triste, muito triste, sua mãe a havia mandado ir para o quarto de castigo porque ela não fizera com capricho a tarefa escolar: pintou sem cuidado, escreveu sem vontade e deixou a atividade incompleta, só para poder ir brincar no parque com as amiguinhas logo.
Mas agora ela apenas chorava e via as amigas felizes e saltitantes pelo vidro da janela de seu quarto, sem poder falar com elas. Pensou:
_Tudo o que me faria feliz nesse momento seria se uma borboleta amarela aparecesse aqui pra brincar comigo.
Detalhe, Catarina amava as borboletas amarelas que apareciam no jardim de sua casa constantemente, ela adorava correr atrás delas e deixar que pousassem em seus dedinhos. Mas talvez porque a menina estivesse triste, não avistava nenhuma borboleta no momento.
Porém, o que ela não sabia era que logo ali, bem debaixo dos seus olhos, um casulo abrigava um serzinho que outrora tinha sido uma levada lagartinha comilona, mas que num belo dia começou a ser envolvida por algo que ela não sabia o que era e apenas ficou ali, quietinha, quentinha, pacientemente esperando para ver o que acontecia, “e como o tempo custava a passar”, pensava ela. Mas de repente, PAM, ela sentiu uma parte do seu corpo libertar-se, depois mais uma vez, PAM, outra parte do seu corpo libertou-se, e ela sem saber que ganhara asas, ficou ali as batendo desajeitadamente até conseguir alçar seu primeiro vôo e descobrir-se uma linda borboleta amarela que ganhava altura e voava na direção da janela do quarto de Catarina.
Quando a garota viu a borboleta amarela se aproximando, parou de chorar instantaneamente e abriu um sorriso iluminado. Abriu a janela e deixou que a borboletinha entrasse e pousasse em seu dedo indicador direito. Sem esconder a emoção, Catarina começou a cantar:

“Voa voa borboleta, borboleta amarela, vai dizer para a mamãe, que eu gosto muito dela...”

A mãe que acabara de entrar de surpresa no quarto da filha viu a cena e com verdade disse:
_Amo você, filha. Eu a coloquei de castigo porque a quero bem, apenas para que refletisse sobre o cuidado que deve ter também com seus estudos, assim como cuida tão bem de você, dos animais, da natureza, das pessoas...
_Eu sei mamãe, pensei sobre o que fiz, sei que errei ao fazer mal feita a minha tarefa para poder ir brincar logo, me desculpa, serei mais caprichosa. Eu te amo!
E a borboleta saiu do dedo da menina e ganhou novamente o jardim, sua liberdade! Mãe e filha se abraçaram. Catarina sentindo seu coração acelerado afirmou:
_Mamãe, olha, quando a gente se abraça nossos corações se encontram!
_Sim, meu amor, é claro...
E de mãos dadas foram na direção da janela e ficaram olhando a pequena borboletinha amarela que ganhava o mundo lá fora e estava cada vez mais distante.

AUTORA: Alessandra Ramos Massensini – julho de 2010