Leka e Kaverna

Saturday, July 19, 2014

Crônica do NUNCA MAIS

Quando fomos muito machucados no passado, desenvolvemos alguns traumas... entre eles, a falta de amor próprio. E quando falta este, as complicações são devastadoras. Fragilizados e necessitados, acreditamos em falsos amigos, falsos amores, falsas promessas. Damos muito de nós, até mais do que deveríamos e recebemos migalhas ou punhaladas que não esperávamos.
Mas, um dia a idade chega, e ao olharmos no espelho deparamos com um ser que podemos gostar ou não... que tipo de ser você vê quando sozinho e sem máscaras mira-se no espelho?
Já disse infinitas vezes que aprendi com os muitos tombos e anos adquiridos a ser do jeito que sou hoje... e como aprendi... é claro que fiquei mais seca, mais dura, mais chata... porém, mais feliz e madura!  Aprendi a JOGAR NO LIXO sem mágoa alguma o que/quem não me faz bem!
E a cada dia aprendo um pouco mais a como ser um ser humano melhor pra mim (e talvez um pouco pior pra certas classes de pessoas). Amém! A grande verdade é que não permito mais nenhum tipo de proveito/graça/desrespeito com minha pessoa. Simples assim.
E nesses últimos dias... em férias merecidas, pensei muito sobre os últimos 6 meses... e vi que muita coisa boa aconteceu, outras nem tanto e mais algumas em que preciso tomar certas medidas! Entretanto, mais que tudo, senti uma certa vontade desesperada de voltar às minhas raízes/origens. E quem disse que não tomarei as cabidas providências para isso?
Do jeito que sou teimosa e me conheço... isso é fato concretizado!
E é por isso que comecei um período de eliminações... se é que alguém me entende, mas, é melhor que não me entendam!
No meu dicionário, eliminar significa NUNCA MAIS... e tal expressão pra mim tem um significado colossal... NUNCA MAIS é realmente NUNCA MAIS!

Até porque, toda vez que me sentir acurralada, direi bravamente: AMARELINHA!!! (E os fortes entenderão...)

Wednesday, June 25, 2014

O campo


A mulher caminhou pelo campo de narcisos e se cansou, sentou-se entre eles e chorou até nuvens sentirem pena dela e se dissolverem solícitas.

Ela sabe que sempre fica assim nestes dias próximos à abertura do livro da vida, e não entende... mas sabe que nesses dias transita pela mais tênue linha que separa o céu e o inferno.

O campo e ela... só... a sós... até grita por Caulfield, mas o rapaz encontra-se longe dali, num outro campo, de centeio talvez... grita por Paradise, mas este está em outra viagem e não tem data para voltar... grita por Samsa, porém ele morreu solitário em seu quarto.

Tenta unir às mãos em sinal sagrado, mas estas se repelem e ela chora. É só isto que lhe resta: o pranto guardado em seu âmago, expurgado agora, mostrando-lhe que não é invencível como se pinta.

Até clama pelas heroínas: Abramovic, Calle, Kahlo, Beauvoir, Woof... mas nenhuma a escuta ou vem a seu socorro. É a hora de crescer. Crescer sozinha.

Cessar de chuva. Cessar de choro. Cessar de drama.

E o dourado das flores brilham tanto contrastando com o sol que renasce Fênix. E o campo é perfume. Embriagam a mulher. Com suas vestes molhadas ela ergue-se então e caminha de volta pra casa porque mudaram as estações... alguém já disse.

Com passos lentos, entre narcisos, lá vai ela, serão 24 horas até (re)encontrar-se com o livro da vida escondido na gaveta.