Leka e Kaverna

Sunday, June 24, 2012

Burtoniana confessa: em defesa de Tim!!!



Cada vez mais busco o distanciamento com a crítica e mais ainda, com os críticos. Mas, faço uma ressalva após ler alguns textos acerca do terrir vampiresco SOMBRAS DA NOITE, dirigido por Tim Burton e estrelado por Johnny Depp. Primeiro: gente, não consigo acreditar que não entenderam que o filme é um terrir! Mistura terror, fantasia e comédia, pronto, entendam isso, é simples assim! Não fiquem dizendo que não entenderam se o filme é comédia ou terror. A palavra é simples: TERRIR!

Claro, é imensamente difícil agradar a todos, sempre haverá alguém dizendo que faltou isso, que poderia ter sido assim, que fulano não se encaixou no papel, etc. Mas, nos esquecemos que o diretor, ele, sim, ele e somente ele é o dono de seu filme e o dirige como quiser, cabendo a nós, degustar o filme e/ou dar nossa opinião que não vai servir de nada, a não ser, fomentar especulações e aguçar o desejo de outras pessoas verem ou não o trabalho. Nossas palavras póstumas ao lançamento da película não mudará nada na história, atores, trilha sonora, etc.

E mais, é óbvio que um crítico discorrerá acerca de seus gostos pessoais, ou seja, nada de imparcialidade, não é mesmo? Muito pelo contrário, na maioria das críticas, o que temos são egos exacerbados falando do trabalho do outro. Textos em que percebemos que tais “delatores” esqueceram (muitas vezes) a humildade embaixo de suas camas. Ou pior, basearam suas críticas em outras que já vieram prontinhas do exterior, pois andei lendo várias por aí e como podem ser tão iguais, meu Deus, vocês pensam realmente tão homogeneamente assim?

Falo isso como alguém que já escreveu críticas e que também já foi esbofeteada pela mão grossa e dura da mesma. E que desistiu de escrevê-las e até de lê-las, muitas vezes. E sim, desistir também é nobre, meus caros. E não considero esse texto em nada uma crítica, mas uma crônica com opinião, talvez. Leiam se quiser.

Pois bem, vamos ao filme SOMBRAS DA NOITE. Confesso de cara que sou apaixonada pela tríade Burton, Depp e Carter, mas que saberia enxergar quando ela não funciona, e para mim, não foi o caso do último filme do trio, como alegaram ao contrário os respeitados críticos. Disseram que Helena Bonham Carter como Dra. Hoffman estava apagada, creio que ela não necessita mesmo ser a personagem principal e que dentro do papel que representou, sua importância na trama foi bem sucedida.

Na película tem-se um belíssimo prólogo, mostrando quem é Barnabas (Johnny Depp) e sua relação com a bruxa Angelique (excelente atuação de Eva Green) e sua amada Josette/Victoria (Bella Heathcote), explicando o motivo da vampirização de Depp e porque este foi posto num caixão. Em seguida, a apresentação da família Collins com seus membros e suas excentricidades é muito caprichada: à mesa, sempre em “comunhão” na hora das refeições, seus problemas e fraquezas são expostos criando o clima da história. São eles: a matriarca Elizabeth Collins (Michelle Pfeiffer), o traiçoeiro Roger Collins (Jonny Lee Miller), o perturbado garoto David Collins (Gulliver McGrath) e a complexa e misteriosa Carolyn (excelente trabalho de Chloë Grace Moretz). Aplaudo em pé dois personagens fantásticos, os criados: Willie (Jackie Earle Haler), que também torna-se lacaio de Barnabas e a velha senhora Johnson (Ray Shirley), que nada fala, pouco aparece, mas é sempre um espetáculo a parte, magnífica.

Após dormir por quase 200 anos, Barnabas volta à vida, tentando refazê-la e criando muita confusão para atingir seus nobres objetivos. Uma delícia ver Barnabas (re)descobrindo as coisas com suas mãos e olhos curiosos. Depp sempre me fascinará! É um ator que está sempre se (re)descobrindo em cena. Destaque para a cena em que filosofa profundamente com um bando de hippies e depois... bem, assistam ao filme.

A fotografia é belíssima (que mix perfeito de gótico e cores berrantes), o figurino é maravilhoso e a maquiagem já era de se esperar que desse show. Faço um destaque à trilha sonora fantástica que mescla música instrumental: pontos positivos para a tensão produzida por um órgão em que Barnabas se debruça em um momento X, passando por deliciosas canções dos anos 70, culminando num show de Alice Cooper dentro da mansão da família Collins. Arrasou, Alice (ah, e só para constar, eu já vi Alice Cooper ao vivo em 1995... logo, foi emocionante vê-lo no filme de Burton)!

Ao contrário do que disse a crítica especializada, não considero que a trama teve problemas com o roteiro. Sim, assistimos muitas subtramas dentro do filme, mas daí dizer que o filme foi confuso e sem foco, é mentira! Todas as histórias que vão surgindo são bem resolvidas dentro da película. Esse negócio de roteiro mal resolvido pode ter se dado devido a inúmeras alterações da história no próprio set de filmagem, relatados por sites que falam sobre o filme, mas... como alguém que lida com Arte, afirmo que isso é algo extremamente comum nesse meio, quantas vezes não vi peças que eu apresentava ter o roteiro mudado um dia antes da estreia ou até momentos antes da estreia? Criticar por causa disso não vale, é muito comum acontecer. Parece que faltou assunto para se discorrer.

Burtoniana confessa, amei o filme, que ao contrário de ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS, me surpreendeu. E que a fórmula BURTON + DEPP + CARTER não se dissolva, como críticos e gente que se acha crítica sugeriu em sites sobre cinema. É sempre um prazer imenso e surreal degustar pipoca ao clima dos filmes do grande Tim e seus parceiros.