Leka e Kaverna

Sunday, April 24, 2011

A Lenda de Zé do Bucho



Diz a lenda que havia um sujeito malvado, mal humorado e que não amava a natureza chamado José da Silva. Por ser muito comilão e de uma vez comer um leitão, ficando com aquele barrigão, ganhou o apelido de Zé do Bucho.
Sozinho ele morava e no meio da mata com sua espingarda sempre estava a caçar passarinho para fazer picadinho. Se não achava, servia o que encontrava: sapo, cobra, lagarto, porco do mato, tatu e até urubu.
Mas houve um dia em que pelo mato caminhava e para se alimentar nada encontrava, a barriga fazia dó, estava que roncava. Até que ao passar por uma grande e centenária árvore, avistou uma juriti que cantava, lambeu então os beiços e apontou-lhe a espingarda, mirou, mas a ave foi esperta e se escondeu, por entre os galhos do jatobá desapareceu.
Ah, lindo jatobá! Árvore antiga, antiga na região: frondosa, enorme, vistosa, era a sensação!
Porém, tão bravo Zé ficou que a árvore xingou, até sua cabana foi e seu poderoso machado pegou. Com vários golpes, o jatobá derrubou, mas sinal da juriti não encontrou. Para casa seguiu, o estômago a roncar e sem tomar um banho resolveu se deitar.
Quando enfim dormia, bateram em sua porta, ele acordou e resmungando perguntou quem era, não teve resposta, pensou estar sonhando, acabou novamente dormindo e roncando.
Mas outra vez em sua porta bateram, Zé perguntou quem era e sem resposta levantou-se muito bravo, abriu a porta e foi ver quem lá fora estava a zombar-lhe. Ninguém!
Estava ele novamente a cochilar e uma voz em seu ouvido então começou a sussurrar: “_ Uh, uh, uh...”
O emburrado Zé acendeu uma vela que ao lado da cama estava, e o que ela iluminava, ele não acreditava. Lá estava o espírito da árvore que mais cedo cortara, a lhe atormentar e se aproximar, até o engolir e Zé do Bucho para sempre sumir...
Para sempre sumir? Que nada! Dizem que quem anda pelo cerrado goiano em noite de lua cheia, vê um homem vagando sem rumo ou direção, e uma juriti caçando com uma espingarda na mão.

MORAL DA HISTÓRIA: Cuidado com o que você faz com o meio ambiente, ele poderá se vingar um dia.

AUTORA: ALESSANDRA RAMOS MASSENSINI – junho de 2007