Leka e Kaverna

Tuesday, February 15, 2011

VELHA, CANSADA E SEM PACIÊNCIA!!!


(Banda Fictícios mandando ver...)


Na noite de 05/02/11 aconteceu no COLISEU HALL, aqui na cidade de Uberlândia, um evento rock and roll chamado ROCK BLOOM. Acompanhada de meu boyfriend, deixei meu filho sozinho em casa (calma, ele não é nenhum bebê, é um rapazinho de 12 anos) e partimos para a festa que era a poucos quarteirões da minha casa. 15 reais de cada um no ingresso, pois pagamos meia. Detalhe: não apresentamos nenhuma carteirinha de estudante ou grade horária, nem doamos nenhum quilo de alimento... e adentramos o local. Apresentamos identidade, meu namorado foi revistado, eu não, e passamos por mais uma porta, agora a que daria acesso ao rock.
Primeiro impacto: não tinha muita gente, mas tudo bem, evento muito lotado é um saco, pisam seu pé, você esbarra em gente toda hora e tem que se desculpar o tempo inteiro... Segundo impacto: opa, que tanto de criança “restartizando” o local era aquela, uai, mas não pediam identidade na porta, podia entrar menor ali? Não entendi e também não fui atrás questionar, eu queria era saber de mim, se os pais daquela pirralhada deixaram que saíssem, quem era eu para encrencar? Terceiro impacto: o evento estava marcado para iniciar às 19h, afinal eram 8 bandas, contando que cada banda tinha que afinar seus instrumentos antes de entrar em cena, mesmo sendo dois palcos, as coisas tinham que sair no horário certo para não haver atrasos, para cada show acontecer com tranqüilidade. Mas não, não foi assim, a primeira banda subiu ao palco mais de 10h da noite, ou seja, todas as bandas iriam atrasar e certeza que não tocariam todas as canções de seus set lists. Em outras palavras, “FERROU, MANO!”
Mas vamos aos shows... Cheguei a tempo de não ver as duas primeiras bandas, tudo bem, a causa, motivo, razão ou circunstância de eu ir ao evento era a banda CARBONA do Rio de Janeiro e o Guns and Roses cover de São Paulo. E seriam as duas últimas bandas a se apresentarem. Confesso até que me dava certo alívio quando escutava os vocalistas das outras bandas dizendo: “Vamos tocar a saidera...”, eu falava baixinho: “Amém”!
Mas opa, opa, espera aí, eis que surge em meio a essas bandas que não me interessavam uma banda no palco secundário cheia de problemas com o som do baixo que não estava saindo e os caras tentando arrumar para começar a tocar, o vocalista com muita humildade... sim meus amigos, acho essa palavra chave para o evento, já falo o motivo... o vocalista com muita humildade se explicando, era um baixinho, magrinho, cabeludinho, invocadinho e tal que foi contando como foi viagem para Uberlândia, eram de São Paulo. Aê, acertam o som dos meninos, depois de muita espera. Então o vocalista solta uma palavra mágica para mim, música para os meus ouvidos: HARDCORE... hum, me alegro, HARDCORE, vocês sabem o que é isso pra mim? Não! Eu sei! E “puta que pariu”, bastou aquele carinha cheio de “inho” abrir a boca para se tornar um gigante, um moinho de vento com a força de todos os moinhos de vento da região de La Mancha girando ao mesmo tempo, perdoem a palavra, mas preciso dizê-la: CARALHO! O que foi aquilo, meu Deus, que banda boa, como não a conheci antes, queria saber as letras para cantar com o vocalista que tinha uma energia super sayajin, me fazia arrepiar. Chegou um momento que não resisti, dei a minha bolsa e relógio para o namorado segurar e adentrei a roda punk, era irresistível para mim. E nadei naquele mar de homens tatuados com camisas grudadas de tanto suor a dar braçadas e pernadas a torto e a direita tentando sobreviver naquele oceano underground. O nome dessa banda maravilhosa é Fictícios.
Carbona mandou muito bem, obrigada. Falavam pouco e engatavam uma canção atrás da outra. Pena que eu já estava cansada e os caras não tocaram muitas músicas do início da banda... fora isso minha cabeça estava nas sete chamadas não atendidas que meu filho já havia feito a mim e eu não vi, nessa altura já eram 3h da manhã. Ainda bem que “Meu Primeiro All Star” e “Fliperama” estavam lá, para eu poder resgatar um saborzinho do meu passado goiano.
Já o Guns cover não fez bonito... talvez pela correria e ego rock star do Axl “magricela” Rose cover. Poxa, se eles já estavam atrasados e não poderiam tocar todas as músicas previstas para o show, por que o front man necessitava de tantas mudanças de roupa? Ficasse com a que iniciou o show: a famosa camiseta “KILL YOUR IDOLS” com Jesus Cristo crucificado, o mini shortinho preto de cotton e a boa e velha camisa xadrez em tons de vermelho amarrada a cintura, calçado com uma botinha preta, lenço vermelho amarrado à cabeça juntamente com um boné vermelho e óculos escuro... se o cara não tivesse tanta preocupação narcisista em se caracterizar como o verdadeiro Axl, daria tempo de tocar mais uma canção, ele não ia precisar de no final pedir para escolhermos entre “Sweet Child O’Mine” e “Paradise City” para fechar o show. Fez uma votação básica ali ao que sabiamente “Paradise City” ganhou! Gostoso no show dos caras foi curtir “Patience” e “Don’t Cry” abraçadinha ao namorado... mesmo estando mega cansada, com dor nas pernas e pés.
Um dos grandes problemas da noite foi ver a grande maioria das bandas com egos altamente inflados, vocalistas posers querendo chamar a atenção mais para si que para o som de suas bandas, destaque nesse quesito para o Guns and Roses cover e a banda que não acho a menor graça chamada Killer Klowns (acho que serei apedrejada em praça pública pelos seguidores dos Klowns, que não são poucos).
Triste foi ver a molecada que foi prestigiar os shows e que acho que não entendeu a proposta da “roda punk” usá-la para machucar de verdade quem adentrasse sua circunferência, sem contar na cerveja para o alto, latas e pedras de gelo arremessadas. Tsc-tsc, pobres garotos tolos com atitudes falsas e inpensadas rock and roll. Como já disse muito bem mestre Canibal a frente de sua banda “Devotos” (que não veio a esse festival):
“Se entrar com maldade
Melhor nem entrar
A roda é da paz
E não queremos brigar...”
O que ficou de mais importante pra mim nesse festival foi uma conversa muito legal entre namorado e eu, sentadinhos enquanto a banda Dillinger mandava ver no punk rock (pena que a banda era muito poser). Falávamos de estarmos nos achando meio cansados para eventos como esses: longos, enrolados, massantes, cheio de estrelinhas do rock ... cada um de nós com bagagem de shows internacionais: eu com um Phillips Monsters of Rock (estádio do Pacaembú, SP)em 1995, 12 horas de rock que contou entre outras bandas com: Megadeth, Faith No More, Alice Cooper e Ozzy Osbourne. E em 2004 com Linkin Park (estádio do Morumbi, SP). Ele com um Iron Maiden recente nas costas... ambos com histórias de fome, sede, cansaço, chuva e frio no currículo, em que percebemos que o melhor lugar pra curtir nossas bandas amadas quando o evento é desse porte é em casa, de camarote vip all inclusive, na comodidade do nosso sofá, pegando os melhores ângulos da banda, voltando a canção preferida quantas vezes quisermos, pausando o show para irmos rapidinho ao banheiro ou buscar mais uma cerveja na geladeira, não se preocupando com nossa segurança ou se bebemos demais e como vamos fazer quando recomeçar o empurra - empurra, o aperta aqui - aperta ali.
Enfim, conforto é tudo, e confesso já estar meio velha, cansada e sem paciência para grandes aglomerações nacionais ou internacionais, especialmente aquelas que duram 12 horas ou mais, ou que tenham 8 bandas para tocar numa só noite, porque ter que esperar bandas que você não está afim até a sua preferida começar a tocar, é dose. Ok, o evento aqui em Uberlândia foi um fio de azeite comparado à salada dos mega shows que já vi por aí nesses meus 34 anos, mas confesso, hoje, busco coisas mais organizadas, rápidas e menos tumultuadas para essa minha estrada rock and roll! É legal ir prestigiar um Titãs ali, um Dead Fish de lá, um Sepultura acolá, todos ao mesmo tempo é que tem fundido minha cabeça, meu cérebro não processa, meu corpo não reage!
E o mais gostoso de tudo foi chegar em casa, encontrar meu filho ainda acordado esperando por mim, tirar o velho All Star de guerra, enchermos a sala de colchões e dormirmos todos juntos deixando a brisa dominical invadir nosso lar.

Por Alessandra Ramos Massensini.