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Friday, December 24, 2010
É natal...
Então, daqui algumas horas é Natal... tempo de reflexões, amor ao próximo, respeito... espera aí, mas isso não deve acontecer todos os dias??? É aí que reside o grande problema da humanidade, considera que a data seja apenas pra se trocar, dar, ganhar presentes! Isso também é gostoso. Mas e o verdadeiro significado desse dia??? Você sabe qual é??? Pra quem acredita em Deus ele tem um valor, mas pra quem não acredita também tem um... que seja pelo menos um dia para fazermos o bem. Mas que isso também se estenda por todo o ano de 2011.
Fazer o bem não significa apenas ajudar idosos, crianças carentes, orfanatos, mendigos, etc... fazer o bem, principalmente, reside nas pequenas coisas do dia a dia. É dar um bom dia ao seu semelhante, evitar uma fofoca, evitar humilhar ou querer ser mais que alguém, evitar considerar seu jeito o único certo, é ponderar palavras, é não dar em cima de alguém compromissado, é não trair quem ama você, é não deixar alguém que te ama de verdade ser a última coisa da sua vida por causa de falsas amizades ou vícios, é saber o limite de uma bebedeira pra não machucar pessoas que se importam com você, é não levar os problemas da rua pra casa e descontar em seus familiares, é saber o valor dos estudos, é evitar jogar que seja um papel de bala na rua, é devolver o troco que veio a mais, é não furar uma fila. E mais outras tantas coisas que podem parecer mínimas, mas são grandes.
Além da cerveja toda, da carne assada, do peru, do pernil, dos presentes todos de hoje à noite, pensemos todos no que podemos fazer para sermos pessoas melhores, não só na noite de hoje, mas em todos os dias de nossas vidas.
Não pense você que fui uma santa e que não cometi nenhum erro em 2010. Sim, errei muito, cometi deslizes aos quilos. E agora estou aqui, pensando em tudo, revendo tudo, e não há como consertar o que passou, mas há como eu crescer com tudo o que aconteceu.
Boas festas, um ótimo 2011 e merecidas férias a todos... são os sinceros votos de:
Alessandra Ramos Massensini... Goiânia, 24 de dezembro de 2010.
(Respeito, passe adiante... viva as diferenças!!!)
Saturday, October 16, 2010
Para refletir...
TEXTO MUITO INTERESSANTE PARA REFLETIR SOBRE AS ELEIÇÕES 2010.
Para além da Casa Grande e da Senzala.
Há quatro anos trabalho em um campus da Universidade Federal de Sergipe que faz parte do programa de expansão do Governo Federal em Itabaiana localizado no agreste sergipano. Nestes últimos oito anos foram criados cerca 130 novos campi de Universidades Federais em todo o Brasil. Em quase sua totalidade, esses novos campi foram implantados em cidades do interior do país.
Hoje o Campus de Itabaiana da Universidade Federal de Sergipe possui 100 professores efetivos. Esse corpo docente é formado,
majoritariamente por professores doutores. Os mestres representam uma outra parte significativa dos professores. Pouquíssimos são apenas graduados. Pode-se dividir esse grupo de profissionais entre os mais jovens, recém doutores e mestres, e doutores e mestres que há mais de uma década trabalhavam na iniciativa privada. Enquadro-me entre esses últimos. Por 16 anos trabalhei em instituições privadas de ensino superior. O motivo principal que me levou a participar dos cursos públicos para docente nas Universidades Federais foi o fato das instituições privadas terem começado um processo sistemático de demissão de doutores. Esse quadro negava, e ainda nega, o princípio básico de que se deve estimular a qualificaç ão profissional, no caso o doutoramento...
O campus de Itabaiana conta atualmente com aproximadamente 2500 estudantes e em agosto de 2010 formamos as primeiras turmas de seus cursos de graduação. É importante que se diga, FORMAMOS as primeiras turmas. Muitos desses alunos passaram pelos programas de Iniciação Científica, Extensão e Monitoria da UFS. Espera-se, com isso, ir muito além de um simples diploma de curso superior. Para se ter uma idéia da importância desse feito, em 2000 praticamente 50% da população rural do Estado de Sergipe era formada por analfabetos funcionais e mais de 70% dos pais dos alunos que ingressaram no Campus de Itabaiana em 2006 eram analfabetos.
Tenho esperança de que a presença da Universidade Federal de Sergipe em Itabaiana contribua, em médio e longo prazo, para aumento significativo do nível de especialização e capacitação da mão-de-obra mas também, para a diminuição do número de homicídios, da violência contra a mulher e contra a criança e para o desenvolvimento e consolidação de uma cultura democrática na região do agreste sergipano.
Devo ressaltar que os investimentos públicos para a implantação do campus de Itabaiana, cerca de 10 milhões de reais, tem sido objeto de intensa e rigorosa fiscalização do próprio governo federal por meio da Controladoria Geral da União (CGU) e de órgãos externos, como o Tribunal de Contas da União (TCU).
Como diretor do Campus, tenho um número de celular e um cartão corporativo. O primeiro utilizo para contatos profissionais e o
segundo para gastos emergências essenciais para a manutenção do campus. Minha conta limite do celular é de 100 reais e quando ultrapasso esse valor pago a diferença diretamente na conta da união. O uso do cartão corporativo é ainda mais restritivo. Os 1.600 reais que o campus dispõe (800 para compras e 800 para serviços) seriam impossíveis de serem usados em razão das restrições legais se não tivesse uma equipe formada por um contador e um administrador trabalhando em conjunto na gestão desses gastos.
Esses detalhes são importantes para oferecer um contraponto em relação à idéia generalizada a respeito da corrupção do governo federal. Nenhum ato de corrupção ou de desvio de dinheiro público é justificável, mas fico me perguntando o que seria de todos esses investimentos do governo federal na educação superior nos últimos 8 anos sem que esses mecanismos de controle, parte deles do próprio governo federal, não existissem. Ou seja, esse mesmo governo que é acusado de corrupto foi que o intensificou a atuação de órgãos de fiscalização. Com base em minha experiência pessoal posso dizer que os investimentos públicos federais tem sido acompanhado pelos necessários, ainda que falíveis e insuficientes, mecanismos de controle e fiscalização.
Relato essa experiência porque sei que muitas pessoas para quais enviarei esse texto não conhecem de perto a realidade que hoje eu vivo. Muitos dos meus ex-alunos e colegas de trabalho de São José do Rio Preto, Catanduva, Fernandópolis, Mirassol e Pereira Barreto no interior do Estado São Paulo tem acesso a realidade do nordeste brasileiro apenas por meio da imprensa ou em viagens de turismo. Por outro lado, percebo um desejo e uma tendência de negar o fato que o Brasil é desigual por motivos históricos e estruturais e de atribuir as causas da pobreza, da violência e da falta de perspectivas de futuro a motivos pessoais e individuais.
Nessa mesma linha, é com indignação que vejo que parte da oposição à candidatura de Dilma à Presidência da República, em todas as regiões do Brasil, inclusive em Itabaiana, tem como únicos fundamentos o preconceito e a desinformação.
Quero deixar claro que não que votar em Serra não é um crime ou o fim do mundo. É uma opção e um direito no contexto da democracia. O incomodo tem a ver com os argumentos, ou a falta deles. Por exemplo, as Igrejas tem feito campanha contra a Dilma por ela ter, supostamente, se declarado a favor da discriminalização do aborto. Ou seja, a candidata teria se posicionado, se realmente o fez, a favor do aborto deixar de ser um crime. Isso não quer dizer que ela, pessoalmente, seja favorável ao aborto. Mesmo que ela fosse, o presidente da república, na democracia, não tem como fazer valer sua opinião porque a democracia é o reino das leis e as leis dependem dos poderes instituídos. Discriminilizar o aborto não seria obra apenas do executivo, mas também do legislativo e do judiciário. Gostaria que o Serra se pronunciasse claramente a esse respeito, principalmente, porque ele se diz um especialista em saúde pública.
Outro preconceito veiculado nos bastidores da campanha é que Dilma é homossexual. Particularmente defendo que a orientação sexual é assunto de fórum íntimo e pessoal. Do mesmo modo, compartilho com o princípio segundo o qual a competência e o caráter das pessoas independem do fato de serem mulheres ou homens, homossexuais ou heterossexuais. E o Serra como se posiciona a respeito de tema?
Tenho ouvido que Dilma é bandida. Creio que isso esteja associado ao fato de Dilma ter sido fichada e presa durante o Regime Militar. Neste caso, existem várias possibilidades de interpretação. A primeira, com o qual discordo e me oponho, é o ponto de vista a partir do qual se faz essa afirmação. Isto é, se olharmos do ponto de vista do Regime Militar, de seus governos e das idéias e princípios que defendia, de fato, a Dilma pode ser vista com uma bandida. Afinal, ela se opôs a Regime Militar e ao Estado Ditatorial e por isso ela foi presa e torturada. Se você é a favor do Regime Militar e contra a democracia então, tudo bem, a Dilma é uma bandida mesmo.
Mas existe outra possibilidade de pensar a prisão de Dilma. O Regime Militar implantou um Estado Ditatorial sem liberdades e garantias para o cidadão. Contra essa situação muitas pessoas lutaram, muitas foram presas e torturadas, como a Dilma; outras exiladas, como o Serra; e outras ainda, mortas. Dessa perspectiva, a Dilma não é uma bandida, para mim, nesse aspecto, ela é um exemplo, uma heroína. Preservou sob tortura o nome de colegas de militância e luta contra uma ditadura que afetava não apenas a vida dela, mas de muitos brasileiros. Gostaria de ouvir da boca do Serra se ele, como ex-exilado, também acha a Dilma uma bandida...
Uma última confusão (para não dizer mentira) é que Dilma não governará sem Lula.
Também fico pensando sobre isso. Acredito sinceramente que a Dilma tem qualidades técnicas e políticas para exercer a chefia do executivo brasileiro. Por outro lado, não se pode deixar de notar que a questão não é apenas o nome de uma pessoa. O foco, perdido, deve estar nos projetos políticos para o Brasil.
Nesse aspecto vejo uma diferença substancial entre o projeto do PT e seus aliados e o do PSDB, DEM e seus aliados. A diferença pode ser ilustrada pelo crescimento do número de Universidades Federais e de seus Campi por todo o Brasil durante o governo Lula em contraposição o estado de calamidade que as mesmas universidades ficaram ao final do governo do FHC. O curioso é que o presidente intelectual quase destruiu as universidades federais e o presidente considerado analfabeto as ressuscitou.
Em resumo, eu diria que o PSDB, DEM e seus aliados, representados por Serra, tem um projeto nacional elitista. Até acredito que eles pensam nos pobres. Mas eles pensam nos pobres como pobres, isto é, como uma parcela da sociedade que deve ser amparada e assistida, mas para continuarem a serem pobres para que outra parte da sociedade, bem menor, possam ter os benefícios da profusão dos bens e da sociedade de consumo. Isto é quase uma reedição da velha estrutura social brasileira baseada na separação entre a Casa Grande e a Senzala. É como um aluno meu disse certa vez, "professor, como pode existir
ricos, se não existir pobres..." Ele não estava sendo irônico.
O projeto do PT e seus aliados, representados por Dilma é diferente. É o projeto que leva universidade pública para o interior do país, para os filhos de analfabetos, é o projeto que cria esperança e expectativa de um mundo diferente, menos desigual e, por isso, melhor. Nesse projeto a pobreza não é condição para a riqueza, o analfabetismo ou a baixa escolaridade não são condições para o ensino superior público e de qualidade. É esse projeto que oferece condições para romper com a separação entre a Casa Grande e a Senzala ... É com esse Brasil que sonho e pelo qual luto diariamente morando e trabalhando em Sergipe em sala de aula, realizando pesquisa e projetos de extensão e dirigindo um campus da UFS no agreste... Por tudo isso e por acreditar que o
caminho aberto por Lula é o melhor, mais justo, mais democrático é que defendo o voto em Dilma.
Para além da Casa Grande e da Senzala.
Há quatro anos trabalho em um campus da Universidade Federal de Sergipe que faz parte do programa de expansão do Governo Federal em Itabaiana localizado no agreste sergipano. Nestes últimos oito anos foram criados cerca 130 novos campi de Universidades Federais em todo o Brasil. Em quase sua totalidade, esses novos campi foram implantados em cidades do interior do país.
Hoje o Campus de Itabaiana da Universidade Federal de Sergipe possui 100 professores efetivos. Esse corpo docente é formado,
majoritariamente por professores doutores. Os mestres representam uma outra parte significativa dos professores. Pouquíssimos são apenas graduados. Pode-se dividir esse grupo de profissionais entre os mais jovens, recém doutores e mestres, e doutores e mestres que há mais de uma década trabalhavam na iniciativa privada. Enquadro-me entre esses últimos. Por 16 anos trabalhei em instituições privadas de ensino superior. O motivo principal que me levou a participar dos cursos públicos para docente nas Universidades Federais foi o fato das instituições privadas terem começado um processo sistemático de demissão de doutores. Esse quadro negava, e ainda nega, o princípio básico de que se deve estimular a qualificaç ão profissional, no caso o doutoramento...
O campus de Itabaiana conta atualmente com aproximadamente 2500 estudantes e em agosto de 2010 formamos as primeiras turmas de seus cursos de graduação. É importante que se diga, FORMAMOS as primeiras turmas. Muitos desses alunos passaram pelos programas de Iniciação Científica, Extensão e Monitoria da UFS. Espera-se, com isso, ir muito além de um simples diploma de curso superior. Para se ter uma idéia da importância desse feito, em 2000 praticamente 50% da população rural do Estado de Sergipe era formada por analfabetos funcionais e mais de 70% dos pais dos alunos que ingressaram no Campus de Itabaiana em 2006 eram analfabetos.
Tenho esperança de que a presença da Universidade Federal de Sergipe em Itabaiana contribua, em médio e longo prazo, para aumento significativo do nível de especialização e capacitação da mão-de-obra mas também, para a diminuição do número de homicídios, da violência contra a mulher e contra a criança e para o desenvolvimento e consolidação de uma cultura democrática na região do agreste sergipano.
Devo ressaltar que os investimentos públicos para a implantação do campus de Itabaiana, cerca de 10 milhões de reais, tem sido objeto de intensa e rigorosa fiscalização do próprio governo federal por meio da Controladoria Geral da União (CGU) e de órgãos externos, como o Tribunal de Contas da União (TCU).
Como diretor do Campus, tenho um número de celular e um cartão corporativo. O primeiro utilizo para contatos profissionais e o
segundo para gastos emergências essenciais para a manutenção do campus. Minha conta limite do celular é de 100 reais e quando ultrapasso esse valor pago a diferença diretamente na conta da união. O uso do cartão corporativo é ainda mais restritivo. Os 1.600 reais que o campus dispõe (800 para compras e 800 para serviços) seriam impossíveis de serem usados em razão das restrições legais se não tivesse uma equipe formada por um contador e um administrador trabalhando em conjunto na gestão desses gastos.
Esses detalhes são importantes para oferecer um contraponto em relação à idéia generalizada a respeito da corrupção do governo federal. Nenhum ato de corrupção ou de desvio de dinheiro público é justificável, mas fico me perguntando o que seria de todos esses investimentos do governo federal na educação superior nos últimos 8 anos sem que esses mecanismos de controle, parte deles do próprio governo federal, não existissem. Ou seja, esse mesmo governo que é acusado de corrupto foi que o intensificou a atuação de órgãos de fiscalização. Com base em minha experiência pessoal posso dizer que os investimentos públicos federais tem sido acompanhado pelos necessários, ainda que falíveis e insuficientes, mecanismos de controle e fiscalização.
Relato essa experiência porque sei que muitas pessoas para quais enviarei esse texto não conhecem de perto a realidade que hoje eu vivo. Muitos dos meus ex-alunos e colegas de trabalho de São José do Rio Preto, Catanduva, Fernandópolis, Mirassol e Pereira Barreto no interior do Estado São Paulo tem acesso a realidade do nordeste brasileiro apenas por meio da imprensa ou em viagens de turismo. Por outro lado, percebo um desejo e uma tendência de negar o fato que o Brasil é desigual por motivos históricos e estruturais e de atribuir as causas da pobreza, da violência e da falta de perspectivas de futuro a motivos pessoais e individuais.
Nessa mesma linha, é com indignação que vejo que parte da oposição à candidatura de Dilma à Presidência da República, em todas as regiões do Brasil, inclusive em Itabaiana, tem como únicos fundamentos o preconceito e a desinformação.
Quero deixar claro que não que votar em Serra não é um crime ou o fim do mundo. É uma opção e um direito no contexto da democracia. O incomodo tem a ver com os argumentos, ou a falta deles. Por exemplo, as Igrejas tem feito campanha contra a Dilma por ela ter, supostamente, se declarado a favor da discriminalização do aborto. Ou seja, a candidata teria se posicionado, se realmente o fez, a favor do aborto deixar de ser um crime. Isso não quer dizer que ela, pessoalmente, seja favorável ao aborto. Mesmo que ela fosse, o presidente da república, na democracia, não tem como fazer valer sua opinião porque a democracia é o reino das leis e as leis dependem dos poderes instituídos. Discriminilizar o aborto não seria obra apenas do executivo, mas também do legislativo e do judiciário. Gostaria que o Serra se pronunciasse claramente a esse respeito, principalmente, porque ele se diz um especialista em saúde pública.
Outro preconceito veiculado nos bastidores da campanha é que Dilma é homossexual. Particularmente defendo que a orientação sexual é assunto de fórum íntimo e pessoal. Do mesmo modo, compartilho com o princípio segundo o qual a competência e o caráter das pessoas independem do fato de serem mulheres ou homens, homossexuais ou heterossexuais. E o Serra como se posiciona a respeito de tema?
Tenho ouvido que Dilma é bandida. Creio que isso esteja associado ao fato de Dilma ter sido fichada e presa durante o Regime Militar. Neste caso, existem várias possibilidades de interpretação. A primeira, com o qual discordo e me oponho, é o ponto de vista a partir do qual se faz essa afirmação. Isto é, se olharmos do ponto de vista do Regime Militar, de seus governos e das idéias e princípios que defendia, de fato, a Dilma pode ser vista com uma bandida. Afinal, ela se opôs a Regime Militar e ao Estado Ditatorial e por isso ela foi presa e torturada. Se você é a favor do Regime Militar e contra a democracia então, tudo bem, a Dilma é uma bandida mesmo.
Mas existe outra possibilidade de pensar a prisão de Dilma. O Regime Militar implantou um Estado Ditatorial sem liberdades e garantias para o cidadão. Contra essa situação muitas pessoas lutaram, muitas foram presas e torturadas, como a Dilma; outras exiladas, como o Serra; e outras ainda, mortas. Dessa perspectiva, a Dilma não é uma bandida, para mim, nesse aspecto, ela é um exemplo, uma heroína. Preservou sob tortura o nome de colegas de militância e luta contra uma ditadura que afetava não apenas a vida dela, mas de muitos brasileiros. Gostaria de ouvir da boca do Serra se ele, como ex-exilado, também acha a Dilma uma bandida...
Uma última confusão (para não dizer mentira) é que Dilma não governará sem Lula.
Também fico pensando sobre isso. Acredito sinceramente que a Dilma tem qualidades técnicas e políticas para exercer a chefia do executivo brasileiro. Por outro lado, não se pode deixar de notar que a questão não é apenas o nome de uma pessoa. O foco, perdido, deve estar nos projetos políticos para o Brasil.
Nesse aspecto vejo uma diferença substancial entre o projeto do PT e seus aliados e o do PSDB, DEM e seus aliados. A diferença pode ser ilustrada pelo crescimento do número de Universidades Federais e de seus Campi por todo o Brasil durante o governo Lula em contraposição o estado de calamidade que as mesmas universidades ficaram ao final do governo do FHC. O curioso é que o presidente intelectual quase destruiu as universidades federais e o presidente considerado analfabeto as ressuscitou.
Em resumo, eu diria que o PSDB, DEM e seus aliados, representados por Serra, tem um projeto nacional elitista. Até acredito que eles pensam nos pobres. Mas eles pensam nos pobres como pobres, isto é, como uma parcela da sociedade que deve ser amparada e assistida, mas para continuarem a serem pobres para que outra parte da sociedade, bem menor, possam ter os benefícios da profusão dos bens e da sociedade de consumo. Isto é quase uma reedição da velha estrutura social brasileira baseada na separação entre a Casa Grande e a Senzala. É como um aluno meu disse certa vez, "professor, como pode existir
ricos, se não existir pobres..." Ele não estava sendo irônico.
O projeto do PT e seus aliados, representados por Dilma é diferente. É o projeto que leva universidade pública para o interior do país, para os filhos de analfabetos, é o projeto que cria esperança e expectativa de um mundo diferente, menos desigual e, por isso, melhor. Nesse projeto a pobreza não é condição para a riqueza, o analfabetismo ou a baixa escolaridade não são condições para o ensino superior público e de qualidade. É esse projeto que oferece condições para romper com a separação entre a Casa Grande e a Senzala ... É com esse Brasil que sonho e pelo qual luto diariamente morando e trabalhando em Sergipe em sala de aula, realizando pesquisa e projetos de extensão e dirigindo um campus da UFS no agreste... Por tudo isso e por acreditar que o
caminho aberto por Lula é o melhor, mais justo, mais democrático é que defendo o voto em Dilma.
Desabafo de professora
Desabafo de uma PROFESSORA, mas uma reflexão a todos que se preocupam com a EDUCAÇÃO de nossas crianças e jovens!! Em época de eleição,vale a reflexão!!!Como cidadãos,o que estamos fazendo?A escola não é responsável por tudo,ela é parte da sociedade...
RESPOSTA À REVISTA VEJA
"Sou professora do Estado do Paraná e fiquei indignada com a reportagem da jornalista Roberta de Abreu Lima “Aula Cronometrada”. É com grande pesar que vejo quão distante estão seus argumentos sobre as causas do mau desempenho escolar com as VERDADEIRAS razões que geram este panorama desalentador.
Não há necessidade de cronômetros, nem de especialistas para diagnosticar as falhas da educação. Há necessidade de todos os que pensam que: “os professores é que são incapazes de atrair a atenção de alunos repletos de estímulos e inseridos na era digital” entrem numa sala de aula e observem a realidade brasileira.
Que alunos são esses “repletos de estímulos” que muitas vezes não têm o que comer em suas casas quanto mais inseridos na era digital? Em que pais de famílias oriundas da pobreza trabalham tanto que não têm como acompanhar os filhos em suas atividades escolares, e pior em orientá-los para a vida? Isso sem falar nas famílias impregnadas pelas drogas e destruídas pela ignorância e violência, causas essas que infelizmente são trazidas para dentro da maioria das escolas brasileiras.
Está na hora dos professores se rebelarem contra as acusações que lhes são impostas. Problemas da sociedade deverão ser resolvidos pela sociedade e não somente pela escola.
Não gosto de comparar épocas, mas quando penso na minha infância, onde pai e mãe, tios e avós estavam presentes e onde era inadmissível faltar com o respeito aos mais velhos, quanto mais aos professores e não cumprir as obrigações fossem escolares ou simplesmente caseiras, faço comparações com os alunos de hoje “repletos de estímulos”. Estímulos de quê? De passar o dia na rua, não fazer as tarefas, ficar em frente ao computador, alguns até altas horas da noite, (quando o têm), brincando no Orkut, ou o que é ainda pior envolvidos nas drogas. Sem disciplina seguem perdidos na vida.
Realmente, nada está bom. Porque o que essas crianças e jovens procuram é amor, atenção, orientação e disciplina.
Rememorando, o que tínhamos nós, os mais velhos, há uns anos atrás de estímulos? Simplesmente: responsabilidade, esperança, alegria. Esperança que se estudássemos teríamos uma profissão, seríamos realizados na vida. Hoje os jovens constatam que se venderem drogas vão ganhar mais.. Para quê o estudo? Por que numa época com tantos estímulos não vemos olhos brilhantes nos jovens? Quem, dos mais velhos, não lembra a emoção de somente brincar com os amigos, de ir aos piqueniques, subir em árvores? E, nas aulas, havia respeito, amor pela pátria... Cantávamos o hino nacional diariamente, tínhamos aulas “chatas” só na lousa e sabíamos ler, escrever e fazer contas com fluência. Se não soubéssemos não iríamos para a 5ª. Série. Precisávamos passar pelo terrível, mas eficiente, exame de admissão. E tínhamos motivação para isso.
Hoje, professores “incapazes” dão aulas na lousa, levam filmes, trabalham com tecnologia, trazem livros de literatura juvenil para leitura em sala-de-aula (o que às vezes resulta em uma revolução), levam alunos à biblioteca e a outros locais educativos (benza Deus, só os mais corajosos!) e, algumas escolas públicas onde a renda dos pais comporta, até a passeios interessantes, planejados minuciosamente, como ir ao Beto Carrero.
E, mesmo assim, a indisciplina está presente, nada está bom. Além disso, esses mesmos professores “incapazes”, elaboram atividades escolares como provas, planejamentos, correções nos fins-de-semana, tudo sem remuneração;
Todos os profissionais têm direito a um intervalo que não é cronometrado quando estão cansados. Professores têm 10 minutos de intervalo, quando têm de escolher entre ir ao banheiro ou tomar às pressas o cafezinho. Todos os profissionais têm direito ao vale alimentação, professor tem que se sujeitar a um lanchinho, pago do próprio bolso, mesmo que trabalhe 40hs. semanais. E a saúde? É a única profissão que conheço que embora apresente atestado médico tem que repor as aulas. Plano de saúde? Muito precário.
Há de se pensar, então, que são bem remunerados... Mera ilusão! Por isso, cada vez vemos menos profissionais nessa área, só permanecem os que realmente gostam de ensinar, os que estão se aposentando e estão perplexos com as mudanças havidas no ensino nos últimos tempos e os que aguardam uma chance de “cair fora”.Todos devem ter vocação para Madre Teresa de Calcutá, porque por mais que se esforcem em ministrar boas aulas, ainda ouvem alunos chamá-los de “vaca”,”puta”, “gordos “, “velhos” entre outras coisas. Como isso é motivante e temos ainda que ter forças para motivar. Mas, ainda não é tão grave.
Temos notícias, dia-a-dia, até de agressões a professores por alunos. Futuramente, esses mesmos alunos, talvez agridam seus pais e familiares.
Lembro de um artigo lido, na revista Veja, de Cláudio de Moura Castro, que dizia que um país sucumbe quando o grau de incivilidade de seus cidadãos ultrapassa um certo limite.
E acho que esse grau já ultrapassou. Chega de passar alunos que não merecem. Assim, nunca vão saber porque devem estudar e comportar-se na sala de aula; se passam sem estudar mesmo, diante de tantas chances, e com indisciplina... E isso é um crime! Vão passando série após série, e não sabem escrever nem fazer contas simples. Depois a sociedade os exclui, porque não passa a mão na cabeça. Ela é cruel e eles já são adultos.
Por que os alunos do Japão estudam? Por que há cronômetros? Os professores são mais capacitados? Talvez, mas o mais importante é porque há disciplina.
E é isso que precisamos e não de cronômetros. Lembrando: o professor estadual só percorre sua íngreme carreira mediante cursos, capacitações que são realizadas, preferencialmente aos sábados. Portanto, a grande maioria dos professores está constantemente estudando e aprimorando-se. Em vez de cronômetros, precisamos de carteiras escolares, livros, materiais,quadras-esportivas cobertas (um luxo para a grande maioria de nossas escolas), e de lousas, sim, em melhores condições e em maior quantidade. Existem muitos colégios nesse Brasil afora que nem cadeiras possuem para os alunos sentarem. E é essa a nossa realidade! E, precisamos, também, urgentemente de educação para que tudo que for fornecido ao aluno não seja destruído por ele mesmo. Em plena era digital, os professores ainda são obrigados a preencher os tais livros de chamada, à mão: sem erros, nem borrões (ô, coisa arcaica!), e ainda assim se ouve falar em cronômetros. Francamente!!
Passou da hora de todos abrirem os olhos e fazerem algo para evitar uma calamidade no país, futuramente. Os professores não são culpados de uma sociedade incivilizada e de banditismo, e finalmente, se os professores até agora não responderam a todas as acusações de serem despreparados e “incapazes” de prender a atenção do aluno com aulas motivadoras é porque não tiveram TEMPO.
Responder a essa reportagem custou-me metade do meu domingo, e duas turmas sem as provas corrigidas."
RESPOSTA À REVISTA VEJA
"Sou professora do Estado do Paraná e fiquei indignada com a reportagem da jornalista Roberta de Abreu Lima “Aula Cronometrada”. É com grande pesar que vejo quão distante estão seus argumentos sobre as causas do mau desempenho escolar com as VERDADEIRAS razões que geram este panorama desalentador.
Não há necessidade de cronômetros, nem de especialistas para diagnosticar as falhas da educação. Há necessidade de todos os que pensam que: “os professores é que são incapazes de atrair a atenção de alunos repletos de estímulos e inseridos na era digital” entrem numa sala de aula e observem a realidade brasileira.
Que alunos são esses “repletos de estímulos” que muitas vezes não têm o que comer em suas casas quanto mais inseridos na era digital? Em que pais de famílias oriundas da pobreza trabalham tanto que não têm como acompanhar os filhos em suas atividades escolares, e pior em orientá-los para a vida? Isso sem falar nas famílias impregnadas pelas drogas e destruídas pela ignorância e violência, causas essas que infelizmente são trazidas para dentro da maioria das escolas brasileiras.
Está na hora dos professores se rebelarem contra as acusações que lhes são impostas. Problemas da sociedade deverão ser resolvidos pela sociedade e não somente pela escola.
Não gosto de comparar épocas, mas quando penso na minha infância, onde pai e mãe, tios e avós estavam presentes e onde era inadmissível faltar com o respeito aos mais velhos, quanto mais aos professores e não cumprir as obrigações fossem escolares ou simplesmente caseiras, faço comparações com os alunos de hoje “repletos de estímulos”. Estímulos de quê? De passar o dia na rua, não fazer as tarefas, ficar em frente ao computador, alguns até altas horas da noite, (quando o têm), brincando no Orkut, ou o que é ainda pior envolvidos nas drogas. Sem disciplina seguem perdidos na vida.
Realmente, nada está bom. Porque o que essas crianças e jovens procuram é amor, atenção, orientação e disciplina.
Rememorando, o que tínhamos nós, os mais velhos, há uns anos atrás de estímulos? Simplesmente: responsabilidade, esperança, alegria. Esperança que se estudássemos teríamos uma profissão, seríamos realizados na vida. Hoje os jovens constatam que se venderem drogas vão ganhar mais.. Para quê o estudo? Por que numa época com tantos estímulos não vemos olhos brilhantes nos jovens? Quem, dos mais velhos, não lembra a emoção de somente brincar com os amigos, de ir aos piqueniques, subir em árvores? E, nas aulas, havia respeito, amor pela pátria... Cantávamos o hino nacional diariamente, tínhamos aulas “chatas” só na lousa e sabíamos ler, escrever e fazer contas com fluência. Se não soubéssemos não iríamos para a 5ª. Série. Precisávamos passar pelo terrível, mas eficiente, exame de admissão. E tínhamos motivação para isso.
Hoje, professores “incapazes” dão aulas na lousa, levam filmes, trabalham com tecnologia, trazem livros de literatura juvenil para leitura em sala-de-aula (o que às vezes resulta em uma revolução), levam alunos à biblioteca e a outros locais educativos (benza Deus, só os mais corajosos!) e, algumas escolas públicas onde a renda dos pais comporta, até a passeios interessantes, planejados minuciosamente, como ir ao Beto Carrero.
E, mesmo assim, a indisciplina está presente, nada está bom. Além disso, esses mesmos professores “incapazes”, elaboram atividades escolares como provas, planejamentos, correções nos fins-de-semana, tudo sem remuneração;
Todos os profissionais têm direito a um intervalo que não é cronometrado quando estão cansados. Professores têm 10 minutos de intervalo, quando têm de escolher entre ir ao banheiro ou tomar às pressas o cafezinho. Todos os profissionais têm direito ao vale alimentação, professor tem que se sujeitar a um lanchinho, pago do próprio bolso, mesmo que trabalhe 40hs. semanais. E a saúde? É a única profissão que conheço que embora apresente atestado médico tem que repor as aulas. Plano de saúde? Muito precário.
Há de se pensar, então, que são bem remunerados... Mera ilusão! Por isso, cada vez vemos menos profissionais nessa área, só permanecem os que realmente gostam de ensinar, os que estão se aposentando e estão perplexos com as mudanças havidas no ensino nos últimos tempos e os que aguardam uma chance de “cair fora”.Todos devem ter vocação para Madre Teresa de Calcutá, porque por mais que se esforcem em ministrar boas aulas, ainda ouvem alunos chamá-los de “vaca”,”puta”, “gordos “, “velhos” entre outras coisas. Como isso é motivante e temos ainda que ter forças para motivar. Mas, ainda não é tão grave.
Temos notícias, dia-a-dia, até de agressões a professores por alunos. Futuramente, esses mesmos alunos, talvez agridam seus pais e familiares.
Lembro de um artigo lido, na revista Veja, de Cláudio de Moura Castro, que dizia que um país sucumbe quando o grau de incivilidade de seus cidadãos ultrapassa um certo limite.
E acho que esse grau já ultrapassou. Chega de passar alunos que não merecem. Assim, nunca vão saber porque devem estudar e comportar-se na sala de aula; se passam sem estudar mesmo, diante de tantas chances, e com indisciplina... E isso é um crime! Vão passando série após série, e não sabem escrever nem fazer contas simples. Depois a sociedade os exclui, porque não passa a mão na cabeça. Ela é cruel e eles já são adultos.
Por que os alunos do Japão estudam? Por que há cronômetros? Os professores são mais capacitados? Talvez, mas o mais importante é porque há disciplina.
E é isso que precisamos e não de cronômetros. Lembrando: o professor estadual só percorre sua íngreme carreira mediante cursos, capacitações que são realizadas, preferencialmente aos sábados. Portanto, a grande maioria dos professores está constantemente estudando e aprimorando-se. Em vez de cronômetros, precisamos de carteiras escolares, livros, materiais,quadras-esportivas cobertas (um luxo para a grande maioria de nossas escolas), e de lousas, sim, em melhores condições e em maior quantidade. Existem muitos colégios nesse Brasil afora que nem cadeiras possuem para os alunos sentarem. E é essa a nossa realidade! E, precisamos, também, urgentemente de educação para que tudo que for fornecido ao aluno não seja destruído por ele mesmo. Em plena era digital, os professores ainda são obrigados a preencher os tais livros de chamada, à mão: sem erros, nem borrões (ô, coisa arcaica!), e ainda assim se ouve falar em cronômetros. Francamente!!
Passou da hora de todos abrirem os olhos e fazerem algo para evitar uma calamidade no país, futuramente. Os professores não são culpados de uma sociedade incivilizada e de banditismo, e finalmente, se os professores até agora não responderam a todas as acusações de serem despreparados e “incapazes” de prender a atenção do aluno com aulas motivadoras é porque não tiveram TEMPO.
Responder a essa reportagem custou-me metade do meu domingo, e duas turmas sem as provas corrigidas."
Friday, July 23, 2010
"Nóis Mudemo" de Fidêncio Bogo
Simplesmente um dos textos mais emocionantes que li na vida...
"O ônibus da Transbrasiliana deslizava manso pela Belém-Brasília rumo a Porto Nacional. Era abril, mês das derradeiras chuvas. No céu, uma luazona enorme pra namorado nenhum botar defeito. Sob o luar generoso, o cerrado verdejante era um presépio, toda poesia e misticismo.
Mas minha alma estava profundamente amargurada. O encontro daquela tarde, a visão daquele jovem marcado pelo sofrimento, precocemente envelhecido, a crua recordação de um episódio que parecia tão banal... Tentei dormir. Inútil. Meus olhos percorriam a paisagem enluarada, mas ela nada mais era para mim que o pano de fundo de um drama estúpido e trágico.
As aulas tinham começado numa segunda-feira. Escola de periferia, classes heterogêneas, retardatários. Entre eles, uma criança crescida, quase um rapaz.
- Por que você faltou esses dias todos?
- É que nóis mudemo onti, fessora. Nóis veio da fazenda.-Risadinhas da turma.
- Não se diz "nóis mudemo", menino! A gente deve dizer: nós mudamos, tá?
-Tá, fessora!
No recreio, as chacotas dos colegas: Oi, nóis mudemo! Até amanhã, nóis mudemo! No dia seguinte, a mesma coisa: risadinhas, cochichos, gozações.
- Pai, não vô mais pra escola!
- Oxente! Módi quê?
Ouvida a história, o pai coçou a cabeça e disse:
- Meu fio, num deixa a escola por uma bobagem dessa! Não liga pras gozações da mininada! Logo eles esquece.
Não esqueceram.
Na quarta-feira, dei pela falta do menino. Ele não apareceu no resto da semana, nem na segunda-feira seguinte. Aí me dei conta de que eu nem sabia o nome dele. Procurei no diário de classe e soube que se chamava Lúcio - Lúcio Rodrigues Barbosa. Achei o endereço. Longe, um dos últimos casebres do bairro. Fui lá, uma tarde. O rapazola tinha partido no dia anterior para a casa de um tio, no sul do Pará.
- É, professora, meu fio não aguentou as gozação da mininada. Eu tentei fazê ele continuá, mas não teve jeito. Ele tava chatiado demais. Bosta de vida! Eu devia di te ficado na fazenda ca famia. Na cidade nóis não tem veis. Nóis fala tudo errado.
Inexperiente, confusa, sem saber o que dizer, engoli em seco e me despedi.
O episódio ocorrera há dezessete anos e tinha caído em total esquecimento, ao menos de minha parte.
Uma tarde, num povoado à beira da Belém-Brasília, eu ia pegar o ônibus, quando alguém me chamou. Olhei e vi, acenando para mim, um rapaz pobremente vestido, magro, com aparência doentia.
- O que é, moço?
- A senhora não se lembra de mim, fessora?
Olhei para ele, dei tratos à bola. Reconstituí num momento meus longos anos de sacerdócio, digo, de magistério. Tudo escuro.
- Não me lembro não, moço. Você me conhece? De onde? Foi meu aluno? Como se chama?
Para tantas perguntas, uma resposta lacônica:
- Eu sou "Nóis mudemo”, lembra?
Comecei a tremer.
- Sim, moço. Agora lembro, Como era mesmo seu nome?
- Lúcio - Lúcio Rodrigues Barbosa.
- O que aconteceu com você?
- O que aconteceu ? Ah! fessora! É mais fácil dizê o que não aconteceu . Comi o pão que o diabo amassô. E êta diabo bom de padaria! Fui garimpeiro, fui bóia fria, um "gato" me arrecadou e levou num caminhão pruma fazenda no meio da mata. Lá trabaiei como escravo, passei fome, fui baleado quando consegui fugi. Peguei tudo quanto é doença. Até na cadeia já fui pará. Nóis ignorante às veis fais coisa sem querê fazê. A escola fais uma farta danada. Eu não devia de te saído daquele jeito, fessora, mas não aguentei as gozação da turma. Eu vi logo que nunca ia consegui falá direito. Ainda hoje não sei.
- Meu Deus!
Aquela revelação me virou pelo avesso. Foi demais para mim. Descontrolada comecei a soluçar convulsivamente. Como eu podia ter sido tão burra e má? E abracei o rapaz, o que restava do rapaz, que me olhava atarantado.
O ônibus buzinou com insistência.
- O rapaz afastou-me de si suavemente.
- Chora não, fessora! A senhora não tem curpa.
Como? Eu não tenho culpa? Deus do céu!
Entrei no ônibus apinhado. Cem olhos eram cem flechas vingadoras apontadas para mim. O ônibus partiu. Pensei na minha sala de aula. Eu era uma assassina a caminho da guilhotina.
Hoje tenho raiva da gramática. Eu mudo, tu mudas, ele muda, nós mudamos, mudamos, mudaamoos, mudaaamooos... Super usada, mal usada, abusada, ela é uma guilhotina dentro da escola. A gramática faz gato e sapato da língua materna - a língua que a criança aprendeu com seus pais e irmãos e colegas
- e se torna o terror dos alunos. Em vez de estimular e fazer crescer, comunicando, ela reprime e oprime, cobrando centenas de regrinhas estúpidas para aquela idade.
E os lúcios da vida, os milhares de lúcios da periferia e do interior, barrados nas salas de aula: "Não é assim que se diz, menino!" Como se o professor quisesse dizer: "Você está errado! Os seu s pais estão errados! Seus irmãos e amigos e vizinhos estão errados! A certa sou eu! Imite-me! Copie-me! Fale como eu ! Você não seja você! Renegue suas raízes! Diminua-se! Desfigure-se! Fique no seu lugar! Seja uma sombra!"
E siga desarmado para o matadouro..."
Thursday, July 22, 2010
Que...
Que eu tenha sempre calma, força e coragem para enfrentar o que vier. Que eu me torne uma pessoa mais sábia, bondosa e útil em minha caminhada. Que meu filho consiga sempre extrair força e sabedoria de sua jornada. Que eu sempre encontre alegria e prazer em meio aos espinhos, frio tenebroso e chuvas torrenciais. Que eu nunca perca minha verdade, caráter e alteridade. Que eu nunca perca minha esperança. Que eu conserve em meu coração o carinho e amor dos meus. Que eu seja sempre uma boa mãe, filha, irmã, namorada, amiga, professora, aluna... que eu aprenda com meus erros e fracassos e me torne a cada dia uma pessoa melhor!!!
Monday, July 12, 2010
Baratas
Esta história tem uns bons anos que foi escrita...
Baratas... isso lá é assunto para se escrever? Longe de mim frescura. Não tenho medo ou nojo das bichinhas, para mim não fedem ou cheiram, simplesmente existem. E senti-me muito inspirada em escrever sobre o animalzinho em questão após ter lido duas crônicas do mestre Drummond sobre o espécime. E mais inspirada ainda quando em seguida fui à cozinha beber água e eis que me deparo com um representante da classe em cima da pia, vivinha da silva, passeando tranquilamente pelo inox.
Que fiz? Bem, armei-me do detergente próximo e despejei boa quantidade do mesmo sobre ela que entrou em desespero e ficou esperneando até ter sua vida aniquilada. Eu, uma assassina... matei uma barata! (Não sei qual o efeito do detergente sobre seu corpo, mas ela morreu...)
Pensar que eu quando menina lá no Pará pegava caixinhas de fósforos e promovia o enterro de todas as baratas que amanheciam mortas pela casa. O despacho funesto dava-se nos canteiros de hortaliças de meu pai com direito a uma oração de descanse em paz, na companhia dos amiguinhos mais chegados.
Sinistro mesmo foi o que fiz com uma amiga que tinha pavor de barata quando fazíamos o Ensino Médio. A professora de Geografia (querida Delma) havia pedido a leitura prévia de um dos capítulos do “amado” livro didático para a sua aula... eu passava todo dia na casa dessa amiga antes da escola para irmos juntas, então...
Quando acordei na manhã desse dia, deparei-me com uma baratona morta no corredor da minha casa, logo, sabendo que minha amiga não pode ver uma, tive uma ideia supimpa...
Na casa de Carla, minha amiga, sem que ela visse, meti o defunto da temida dentro de seu livro de Geografia, mais precisamente entre as páginas que seriam consultadas nesse dia.
Na aula, quando a querida tia Delma pediu-nos para abrirmos o livro na página tal, Carla solta um grito, deixando livro e barata caírem ao chão. Escutou-se um:
_ Credo, que menina “véa” porca! – vindo de um garoto.
A professora ficou muito aborrecida e disse que tinha certeza que isso era trabalho de um engraçadinho... Só via o olhar reprovador de minha amiga para mim, que sabia que eu era a engraçadinha, mas não me delatou: amizade acima de tudo – apesar de eu estar me segurando para não rir na hora.
Último ano de faculdade e um trabalho individual da disciplina “Conversação em Língua Inglesa” para apresentar... adivinhem qual foi o assunto escolhido por mim para falar em meu trabalho? “Yes, my dears, cockroachs!” Graças a uma SUPERINTERESSANTE da época, preparei meu trabalho com muita dedicação, com direito a uma cena do cômico “Joe e as Baratas” e dois espécimes vivos capturados por mim em um vidro de maionese vazio para o terror de meus colegas de classe.
Detalhe é que antes de sair para a faculdade, por causa de meu nervosismo e ansiedade pela apresentação, me deu uma dor de barriga repentina e dos diabos, corri para a privada... eca!!! Quando ia deixando o banheiro, escorreguei, bati a cabeça no vaso e por alguns instantes não sabia quem era, onde estava... até que meu filho, pequeno na época, se aproximou e questionou-me:
_ Mamãe, que você “tá” fazendo deitada aí?
É, já ia lhe dando uma resposta cretina para sua pergunta imbecil, mas me contive...
A verdade é que minha apresentação foi um sucesso! E o povo da minha sala horrorizava a cada informação que eu dava:
_ Aborígines e outras tribos da África comem o líquido branco de dentro das baratas. Mesmo depois de mortas, os ovos das baratas ainda sobrevivem dando origem a mais barata. Uma barata vive em média 150 dias e fica grávida 8 vezes nesse período. Em São Paulo existem 200 baratas para cada indivíduo. As baratas vivem em nosso planeta há milhões de anos, apareceram antes dos dinossauros, sobreviveram a sua extinção enfurnadas em buracos e ainda se alimentaram dos restos mortais desses gigantes.
Provavelmente um dia nossa espécie desaparecerá e essas danadinhas assistirão nossa extinção de camarote, rindo de nossa fragilidade... sim, porque de frágil, barata não tem nada... Ok, eu matei essa zinha que passeava pela pia, mas... quantos descendentes ela deixou? E eu, quantos deixarei?
Thursday, July 01, 2010
Consolo para os cansados
5h50h! Maldito neném desgraçado se borrando de rir de mim. Aperto o soneca para ganhar mais uns minutinhos. A noite surrealesca arrabal-lista interferiu na hora quimérica e a destranbelhada do pequi do olho de Thundera resmunga emanuellisticamente atos canibais...
E a porra do neném de novo! Ô desgrama preta do caralho! Eu fui dormir às 2h da manhã. Eu preciso dormir mais. Mas levanto e blasfemando cumpro o ritual de todas as manhãs caralhais. Sabe, eu queria xingar menos, descansar mais.
No trajeto sempre atrasado matinal, que tem a duração de um desenho animado, vai eu, inanimada, desanimada enfrentar 47 endiabrados capetinhas capetando minha cabeça enquanto os três esquilinhos felizes animam estatísticas sociais para inglês ver. E eu pesco... peixinhos pulando uma cerquinha branca direto para a boca do tubarão faminto. E nesse estágio pesqueiro, nem acordada nem dormindo, nado em águas profundas num turbilhão de responsabilidades, confusões, anseios... até Arrabal me prender em sua rede.
Arrabal! Arrabalzando meu rabo e eu com sono querendo mandar todo mundo tomar no meio do centro do olho do toba. Especialmente certas pessoas megalomaníacas, mitomaníacas, que são tão verdadeiras quanto uma nota de três reais. Pessoas que eu poderia espancar e torturar até a morte e desaparecer com seus corpos antropofagicamente...
Cansaço??? Experimente escutar Sleepwalking com Modest Mouse lendo o Salmo 90 enquanto você vira uma garrafa de vodka e bate uma pensando em quem você deseja ...
E a porra do neném de novo! Ô desgrama preta do caralho! Eu fui dormir às 2h da manhã. Eu preciso dormir mais. Mas levanto e blasfemando cumpro o ritual de todas as manhãs caralhais. Sabe, eu queria xingar menos, descansar mais.
No trajeto sempre atrasado matinal, que tem a duração de um desenho animado, vai eu, inanimada, desanimada enfrentar 47 endiabrados capetinhas capetando minha cabeça enquanto os três esquilinhos felizes animam estatísticas sociais para inglês ver. E eu pesco... peixinhos pulando uma cerquinha branca direto para a boca do tubarão faminto. E nesse estágio pesqueiro, nem acordada nem dormindo, nado em águas profundas num turbilhão de responsabilidades, confusões, anseios... até Arrabal me prender em sua rede.
Arrabal! Arrabalzando meu rabo e eu com sono querendo mandar todo mundo tomar no meio do centro do olho do toba. Especialmente certas pessoas megalomaníacas, mitomaníacas, que são tão verdadeiras quanto uma nota de três reais. Pessoas que eu poderia espancar e torturar até a morte e desaparecer com seus corpos antropofagicamente...
Cansaço??? Experimente escutar Sleepwalking com Modest Mouse lendo o Salmo 90 enquanto você vira uma garrafa de vodka e bate uma pensando em quem você deseja ...
Wednesday, April 07, 2010
Um Caixeiro Viajante...
“A Morte do Caixeiro Viajante” foi escrita por Arthur Miller em 1949 e é considerada pela crítica a peça mais importante do teatrólogo. Um drama realista ou uma tragédia realista?, possui linguagem liricamente evocativa, utiliza recursos como flashback e a deformação de fatos passados vistos sobre o ponto de vista de Willy Loman, o personagem principal, e muitas vezes possui um discurso exagerado e absurdo.
A peça em 2 atos e um réquiem (espécie de epílogo) tem como tema a questão que envolve dinheiro e moralidade, e a desmestificação do sonho americano oriundo do “American Way of Life”. Seu enredo mostra o declínio de um homem que faz escolhas erradas na vida e arrastou sua família com ele para o abismo que abriu-se frente tais escolhas. Vemos que a moralidade na peça é falsa e portanto desintegra os indivíduos dessa família.
Willy Loman, o caixeiro viajante, tem 63 anos de idade e há 36 está na mesma empresa. Pregou aos dois filhos, Biff e Happy, uma vida sadia, amizade, atividades esportivas e honestidade para vencer na vida, entretanto, seus exemplos negam tais qualidades. O protagonista é casado com Linda, mulher bonita, prestativa, que apoia e defende o marido em tudo. Biff, 34 anos havia sido o campeão do Futebol na época de colégio, mas agora está “perdido”, não é bem sucedido, não se firma em emprego nenhum e não tem mais a estima do pai, e tudo deve-se a um fato ocorrido num hotel de Boston, em que o pai perdeu seu encanto e o rapaz jamais se recuperou. Happy, 32 anos, possui um emprego medíocre em uma empresa e só pensa em farra e mulheres.
A família tragicamente afunda no que ela mesma construiu. Em contraponto temos os vizinhos da família Loman: Charley e Bernard, que ao contrário dos Loman construiu uma base sólida, com estudos, dignidade e hoje são bem sucedidos.
Os outros personagens que ajudam a compor a história são Ben, irmão de Willy, enriqueceu emaranhando-se por selvas atrás de diamantes e é parte constante nos devaneios do irmão. Howard Wagner, 36 anos, seu atual patrão, que não se importa com Willy fazer parte da empresa que o pai fundou, três décadas na ativa, o “despede”. Temos ainda a mulher com que Willy diverte-se em Boston, Stanley, o garçom “honesto”, Jenny, secretária de Charley e as jovens senhoritas Forsythe e Letta que proporcionarão diversão aos filhos de Willy, principalmente ao mulherengo Happy, que vê na mãe o ideal de mulher perfeita, as outras não passam de vagabundas.
Na peça percebemos o jogo antíteses entre: passado e presente, o arcaico e o novo, estudos e esportes, o ideal e o real, espaços abertos e a cidade em crescimento. E mesmo nos momentos derradeiros, Willy afirma que tudo o que fez foi para o bem da sua família e não admite ter “sonhado errado”, é um homem digno de piedade. Happy, ao que parece, continuará o sonho do pai, já Biff é o personagem que acorda dessa teia de falsas verdades e toma consciência de sua real condição: “Eu compreendi a mentira ridícula que tem sido minha vida.”
A peça em 2 atos e um réquiem (espécie de epílogo) tem como tema a questão que envolve dinheiro e moralidade, e a desmestificação do sonho americano oriundo do “American Way of Life”. Seu enredo mostra o declínio de um homem que faz escolhas erradas na vida e arrastou sua família com ele para o abismo que abriu-se frente tais escolhas. Vemos que a moralidade na peça é falsa e portanto desintegra os indivíduos dessa família.
Willy Loman, o caixeiro viajante, tem 63 anos de idade e há 36 está na mesma empresa. Pregou aos dois filhos, Biff e Happy, uma vida sadia, amizade, atividades esportivas e honestidade para vencer na vida, entretanto, seus exemplos negam tais qualidades. O protagonista é casado com Linda, mulher bonita, prestativa, que apoia e defende o marido em tudo. Biff, 34 anos havia sido o campeão do Futebol na época de colégio, mas agora está “perdido”, não é bem sucedido, não se firma em emprego nenhum e não tem mais a estima do pai, e tudo deve-se a um fato ocorrido num hotel de Boston, em que o pai perdeu seu encanto e o rapaz jamais se recuperou. Happy, 32 anos, possui um emprego medíocre em uma empresa e só pensa em farra e mulheres.
A família tragicamente afunda no que ela mesma construiu. Em contraponto temos os vizinhos da família Loman: Charley e Bernard, que ao contrário dos Loman construiu uma base sólida, com estudos, dignidade e hoje são bem sucedidos.
Os outros personagens que ajudam a compor a história são Ben, irmão de Willy, enriqueceu emaranhando-se por selvas atrás de diamantes e é parte constante nos devaneios do irmão. Howard Wagner, 36 anos, seu atual patrão, que não se importa com Willy fazer parte da empresa que o pai fundou, três décadas na ativa, o “despede”. Temos ainda a mulher com que Willy diverte-se em Boston, Stanley, o garçom “honesto”, Jenny, secretária de Charley e as jovens senhoritas Forsythe e Letta que proporcionarão diversão aos filhos de Willy, principalmente ao mulherengo Happy, que vê na mãe o ideal de mulher perfeita, as outras não passam de vagabundas.
Na peça percebemos o jogo antíteses entre: passado e presente, o arcaico e o novo, estudos e esportes, o ideal e o real, espaços abertos e a cidade em crescimento. E mesmo nos momentos derradeiros, Willy afirma que tudo o que fez foi para o bem da sua família e não admite ter “sonhado errado”, é um homem digno de piedade. Happy, ao que parece, continuará o sonho do pai, já Biff é o personagem que acorda dessa teia de falsas verdades e toma consciência de sua real condição: “Eu compreendi a mentira ridícula que tem sido minha vida.”
Saturday, March 27, 2010
Domingos
"Clube Atlético Mineiro, uma vez até morrer"... o vinil do meu pai nas manhãs de domingo. Domingos que não acabavam nunca. Domingos, meus dias preferidos. Domingos, meu pai... Meu pai em sua embriaguez era o melhor pai do mundo. Meu pai e seu cheiro de pinga era todo o cheiro das matas, morros e igarapés do Pará... meu pai e seu cheiro era meu herói, meu herói. Era...
Sunday, March 21, 2010
A primeira vez... de muitas que ainda virão...
Saturday, March 13, 2010
Uma palavra sobre anjos...
“Se eu gritar, quem poderá ouvir-me nas hierarquias dos Anjos? E, se até algum Anjo de súbito me levasse para junto do seu coração: eu sucumbiria perante a sua natureza mais potente. Pois o belo apenas é o começo do terrível, que só a custo podemos suportar, e se tanto o admiramos é porque ele, impassível, desdenha destruir-nos. Todo anjo é terrível. Por isso me contenho e engulo o apelo deste soluço obscuro. Ai de nós, mas quem nos poderia valer? Nem Anjos, nem homens, e os argutos animais sabem já que nós no mundo interpretado não estamos confiantes nem à vontade. Resta-nos talvez uma árvore na encosta que possamos rever diariamente; resta-nos a rua de ontem e a fidelidade continuada de um hábito, que a nós se afeiçoou e em nós permaneceu.”
Tuesday, January 26, 2010
GRATIDÃO
Umas palavras sobre essa forma de amor que não valorizamos...
"Gratidão é o reconhecimento de um ato de amor, ou de consideração, vindo do outro. É também a consciência do que recebemos de bom da vida. E um olhar mais grato e apreciativo do mundo e das pessoas pode transformar radicalmente nossa maneira de viver. É esse tipo tão especial de sentimento, a grata apreciação que nos falta e que temos tanta dificuldade em expressar."
"Gratidão é o reconhecimento de um ato de amor, ou de consideração, vindo do outro. É também a consciência do que recebemos de bom da vida. E um olhar mais grato e apreciativo do mundo e das pessoas pode transformar radicalmente nossa maneira de viver. É esse tipo tão especial de sentimento, a grata apreciação que nos falta e que temos tanta dificuldade em expressar."
Monday, January 25, 2010
O Gostosão da Bala Chita
“Fulano tá se achando o gostosão da Bala Chita”! Quem convive comigo sabe que sou uma grande adepta dessa expressão já há muitos e muitos anos, até porque fui uma grande devoradora de Bala Chita na infância... e de mais um monte de coisa melada que deixou saudades, muito mais pelas doces lembranças que pelo açucarado paladar: Bala Soft (que atire a 1º pedra quem nunca ‘sem querer’ engoliu uma inteira e ficou entalado com dor no papo), Ploc Monster (como amava aquelas figurinhas que faziam a alegria dos recreios no Pitágoras de Tucuruí-Pará), Lollo (que de repente transformou-se em Milkbar), Dadinho ( que eu ainda compro até hoje na pastelaria do Carrefour aqui em Uberlândia só pra sentir aquele sabor de cumplicidade que rolava entre eu e meu irmão nos anos 80).
Voltando da paradisíaca Porto Seguro parei para almoçar em Salinas-MG, terra da cachaça, e foi por uma TV ligada no restaurante que descobri o drama do Haiti e o falecimento da iluminada Zilda Arns: choque total! E quando fui a pagar a conta, a moça diz:
_ Posso dar duas balas de troco?
_ Pode, claro!
Eis que ela me entrega duas Balas Chita... ah, fui a Iturama-Mg na hora: férias na casa da vó Iramar, eu e toda aquela “primaiada” indo na vendinha da esquina comprar bala, e junto veio o cheiro do pão de queijo saindo do forno cedinho, os tachos de doce fumegando, o creme amarelo que recheava os sonhos e atiçavam minhas lombrigas (e olha que eu nunca as tive), o cheiro do sabão de pedra caseiro que era feito lá lá lá, bem lá no fundo do quintal, até o cheiro da lavagem que era recolhida uma vez por semana para ser levada pelo meu tio aos porcos da fazenda, ah... o perfume da galinha caipira na panela sendo amorosamente preparada para os almoços de domingo, o cheiro não tão bom (na época) da cerveja Brahma que fazia as minhas tias rirem, falarem alto, cantarem e ficar abraçando a gente, dizendo que nos amava... e eu me prometendo que nunca ia beber (hehehe). Mas voltei a mim, ao presente, minha irmã me tirou desse mergulho melado:
_ Alê, a gente vai te esperar no carro.
_ Tá, vou ao banheiro, já vou...
Guardei as balas na bolsa, a intenção era no carro dar uma ao meu filho, contando a história da expressão que eu tanto falo e chupar a outra. Mas, acabei esquecendo e só as vi na minha bolsa já aqui em Uberlândia, sem irmã, sem filho... de volta à realidade, uma realidade permeada por não um, mas muitos “gostosões da Bala Chita”.
Fotografei as minhas balinhas nem sei o porquê, talvez por sentir vontade de escrever sobre o assunto qualquer dia, quem sabe, uma vez que está lá no item número 10 da minha lista de desejos para 2010: “escrever mais...”. AN? O 1º DESEJO? Chuta... QUAL? Ah, ERROU! Esse desejo que você pensou aí é o número 18, o último da lista: “encontrar/ser encontrada por um amor de verdade”. Os 17 itens anteriores são muito mais importantes...
Voltando as balas, engraçado, “o gostosão” a quem me refiro é na verdade “a gotosona”, é a macaca, sim, ela, a Chita, reinando soberana e feliz na embalagem amarela sabor abacaxi que me sorri. Dona da verdade, o mundo girando ao redor do seu umbigo que é o centro do universo... ah, quem nunca conheceu um “gostosão da Bala Chita”, hein? Uh, eu mesma conheci e conheço tantos, no meu curso então da UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA está repleto deles.
(Alessandra Ramos Massensini – 24/01/2010)
OS.: Enquanto escrevi o texto, escutei canções de Nana Mouskouri...
Tuesday, January 19, 2010
Dicas de filmes...
Fugindo ao clima punk rock/hardcore um pouco... assisti dois filmes maravilhosos no último fim de semana, “Ao Entardecer” do diretor Lajos Koltai, com um elenco feminino de primeira: Claire Danes, Toni Collette, Glenn Close e a super Meryl Streep... e “Um Amor Para Toda Vida” do diretor de “Chaplin” e “Gandhi”: Richard Attenborough com a ótima Shirley MacLaine, ambos falam de amor verdadeiro e todas as suas lembranças, todos os impactos. Filmes para se ver sozinho e à vontade, pausar para respirar, refletir, (enxugar os olhos – no meu caso) e dar o play de novo.
Vale a pena deixar os créditos rolando tela abaixo ao final do filme de Richard só para escutar a bela “Lost Without Your Love” com Amy Pearson tocando, e ainda voltar umas 6 vezes (como fiz) para expurgar mesmo e de vez as dores causadas pela ocitocina
Vale a pena deixar os créditos rolando tela abaixo ao final do filme de Richard só para escutar a bela “Lost Without Your Love” com Amy Pearson tocando, e ainda voltar umas 6 vezes (como fiz) para expurgar mesmo e de vez as dores causadas pela ocitocina
Monday, January 18, 2010
Fim
Ficou um rastro do seu perfume
Pequenos fios de cabelo que não são meus no chão do quarto
Seus presentes
Os restos de suas duras palavras
Mentiras espatifadas no sofá
O dvd e som agora vazios...
Ficou a madrugada em claro
O abismo no peito
Os olhos - tão mar
E seu adeus seco, sem toque, sem olhos que fervem: até UM DIA...
Ficou... eu... como o pássaro solitário que fotografo da sacada...
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