Leka e Kaverna

Monday, January 25, 2010

O Gostosão da Bala Chita





“Fulano tá se achando o gostosão da Bala Chita”! Quem convive comigo sabe que sou uma grande adepta dessa expressão já há muitos e muitos anos, até porque fui uma grande devoradora de Bala Chita na infância... e de mais um monte de coisa melada que deixou saudades, muito mais pelas doces lembranças que pelo açucarado paladar: Bala Soft (que atire a 1º pedra quem nunca ‘sem querer’ engoliu uma inteira e ficou entalado com dor no papo), Ploc Monster (como amava aquelas figurinhas que faziam a alegria dos recreios no Pitágoras de Tucuruí-Pará), Lollo (que de repente transformou-se em Milkbar), Dadinho ( que eu ainda compro até hoje na pastelaria do Carrefour aqui em Uberlândia só pra sentir aquele sabor de cumplicidade que rolava entre eu e meu irmão nos anos 80).
Voltando da paradisíaca Porto Seguro parei para almoçar em Salinas-MG, terra da cachaça, e foi por uma TV ligada no restaurante que descobri o drama do Haiti e o falecimento da iluminada Zilda Arns: choque total! E quando fui a pagar a conta, a moça diz:
_ Posso dar duas balas de troco?
_ Pode, claro!
Eis que ela me entrega duas Balas Chita... ah, fui a Iturama-Mg na hora: férias na casa da vó Iramar, eu e toda aquela “primaiada” indo na vendinha da esquina comprar bala, e junto veio o cheiro do pão de queijo saindo do forno cedinho, os tachos de doce fumegando, o creme amarelo que recheava os sonhos e atiçavam minhas lombrigas (e olha que eu nunca as tive), o cheiro do sabão de pedra caseiro que era feito lá lá lá, bem lá no fundo do quintal, até o cheiro da lavagem que era recolhida uma vez por semana para ser levada pelo meu tio aos porcos da fazenda, ah... o perfume da galinha caipira na panela sendo amorosamente preparada para os almoços de domingo, o cheiro não tão bom (na época) da cerveja Brahma que fazia as minhas tias rirem, falarem alto, cantarem e ficar abraçando a gente, dizendo que nos amava... e eu me prometendo que nunca ia beber (hehehe). Mas voltei a mim, ao presente, minha irmã me tirou desse mergulho melado:
_ Alê, a gente vai te esperar no carro.
_ Tá, vou ao banheiro, já vou...
Guardei as balas na bolsa, a intenção era no carro dar uma ao meu filho, contando a história da expressão que eu tanto falo e chupar a outra. Mas, acabei esquecendo e só as vi na minha bolsa já aqui em Uberlândia, sem irmã, sem filho... de volta à realidade, uma realidade permeada por não um, mas muitos “gostosões da Bala Chita”.
Fotografei as minhas balinhas nem sei o porquê, talvez por sentir vontade de escrever sobre o assunto qualquer dia, quem sabe, uma vez que está lá no item número 10 da minha lista de desejos para 2010: “escrever mais...”. AN? O 1º DESEJO? Chuta... QUAL? Ah, ERROU! Esse desejo que você pensou aí é o número 18, o último da lista: “encontrar/ser encontrada por um amor de verdade”. Os 17 itens anteriores são muito mais importantes...
Voltando as balas, engraçado, “o gostosão” a quem me refiro é na verdade “a gotosona”, é a macaca, sim, ela, a Chita, reinando soberana e feliz na embalagem amarela sabor abacaxi que me sorri. Dona da verdade, o mundo girando ao redor do seu umbigo que é o centro do universo... ah, quem nunca conheceu um “gostosão da Bala Chita”, hein? Uh, eu mesma conheci e conheço tantos, no meu curso então da UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA está repleto deles.

(Alessandra Ramos Massensini – 24/01/2010)
OS.: Enquanto escrevi o texto, escutei canções de Nana Mouskouri...