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Wednesday, June 25, 2014
O campo
A mulher caminhou pelo campo de narcisos e se cansou, sentou-se entre eles e chorou até nuvens sentirem pena dela e se dissolverem solícitas.
Ela sabe que sempre fica assim nestes dias próximos à abertura do livro da vida, e não entende... mas sabe que nesses dias transita pela mais tênue linha que separa o céu e o inferno.
O campo e ela... só... a sós... até grita por Caulfield, mas o rapaz encontra-se longe dali, num outro campo, de centeio talvez... grita por Paradise, mas este está em outra viagem e não tem data para voltar... grita por Samsa, porém ele morreu solitário em seu quarto.
Tenta unir às mãos em sinal sagrado, mas estas se repelem e ela chora. É só isto que lhe resta: o pranto guardado em seu âmago, expurgado agora, mostrando-lhe que não é invencível como se pinta.
Até clama pelas heroínas: Abramovic, Calle, Kahlo, Beauvoir, Woof... mas nenhuma a escuta ou vem a seu socorro. É a hora de crescer. Crescer sozinha.
Cessar de chuva. Cessar de choro. Cessar de drama.
E o dourado das flores brilham tanto contrastando com o sol que renasce Fênix. E o campo é perfume. Embriagam a mulher. Com suas vestes molhadas ela ergue-se então e caminha de volta pra casa porque mudaram as estações... alguém já disse.
Com passos lentos, entre narcisos, lá vai ela, serão 24 horas até (re)encontrar-se com o livro da vida escondido na gaveta.
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