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Thursday, July 28, 2011
Espera...
Tem horas que... que... você não sabe, não sabe mesmo o que dizer, o que fazer... fica um vazio, a inércia da espera... e nada acontece. Não vem a palavra. Não vem o carinho. Não vem a compreensão. Nada. Não vem nada. E você só olha, olha? Quer dizer, observa, observa analiticamente e calculadamente, mas faz cara de paisagem, pra deixar incógnito se você observa ou não... e você espera... (Pausa) Você se sente na boca do leão. Mas cadê o leão? Caçando por aí! C-U-I-D-A-D-O! Você finge que não sabe... você está triste. Merda, mas nem pra chorar você serve! Então você só pode esperar... (Pausa longa) Suspira... Godot virá? Suspira mais fundo ainda... é, parece que não vai chover...
O que fazer com que o teatro faz com a gente?
(Foto by Leka)
“O TEATRO sob Pressão”: este foi o tema do III Festival Nacional de Teatro de Goiânia este ano. Goiânia tem um festival nacional de teatro e eu não sabia da existência do mesmo? Claro, o que acontece artisticamente nas regiões sudeste e sul do país ainda nos chega mais facilmente e rapidamente, sem que fiquemos a procurar, pesquisando tanto, economizando assim tempo na vida acadêmica tão corrida que nós, estudantes universitários, levamos. Grande erro, grande acomodação a nossa!
E dessa forma, lutando como nós, como eu, para terminar o curso de Teatro da Universidade Federal de Uberlândia, com tantas dificuldades familiares e financeiras, também persiste o teatro alternativo no Brasil: com dificuldade de realização pela falta de incentivo e apoio, falta de espaço e verba para as produções que tentam sobreviver, competindo com o cinema, a TV, os shows musicais. E nesse panorama, o teatro alternativo busca seu lugar numa selva opressora mercadológica.
Foi também sob pressão, faltando 10 minutos para o início da peça, que após 1 hora perdida pelo centro de Goiânia, consegui chegar à galeria que abriga o espaço Goiânia Ouro para assistir na terça-feira, 19 de julho, O que fazer com o que Kafka fez com a gente, da Black Berries Wilted Company de São José do Rio Preto - São Paulo. Um público que nunca vi antes (ótimo), um blues e gelo seco criando um clima (delicioso) e ainda consegui sentar-me a primeira fila (perfeito). Percebi que os goianos gostam de ocupar as cadeiras que vão do meio para o fim do teatro, diferentemente dos uberlandenses que quase se engalfinham pelas primeiras fileiras, sou assumidamente uma dessas. Mas, a casa acabou lotando devido a tanta gente entrando atrasada, inclusive com metade do espetáculo sendo encenado, algo que me incomodou bastante, e ao jovem ator Gerrah Tenfuss, como o próprio disse em conversa com o público ao final de seu solo.
Um cenário simples, apenas duas filas de três cadeiras ao lado esquerdo do palco italiano, uma pilha de livros, outra de jornal e a figura imponente de um manequim trajado com terno à direita do palco, com a cara pintada de preto. E enquanto uma mistura de sons com vozes, buzina, avião, tiros de metralhadora causavam estranhamento, entra o ator, caminhando lentamente, rosto mascarado com uma espécie de meia preta (não sei) em direção ao centro. O corpo não era cotidiano em sua caminhada e causava uma angústia vê-lo se locomover como se houvesse uma impossibilidade de viver, de respirar. O fato de não se ver a face do ator nos transportava àquele corpo. Somos nós tentando viver/ sobreviver? E quando aquele corpo começa com dificuldade tentar libertar-se daquela “máscara”, a aflição nos faz contorcer na cadeira.
É perceptível que o ator tem exímio controle de seu corpo e que o mesmo não se deu com sua voz. Além de ter mantido um volume muito baixo em grande parte da peça, o registro por ele escolhido nos cansava porque as palavras não eram fluidas, saíam de seus lábios truncadas, soletradas. Quando Gerrah se libertava delas, ou quando acelerava as falas, ah, a peça crescia e nos “pegava de jeito”. As falhas no trabalho vocal foram discutidas ao fim da peça e assumidas pelo próprio ator que disse ser sua primeira peça verbal e acostumado a solos corporais com dramaturgia física, vem buscando sanar os problemas vocais a cada apresentação.
O que fazer com o que Kafka fez com a gente dirigida por Carolina Alvim, mulher de Gerrah, é a encenação na íntegra do conto de mesmo nome de Jair Ferreira do Santos, presente em seu livro Cyber Senzala, escritor que viu a estréia da peça e gostou, como confirmado pelo ator na conversa final. A temática gira em torno da influência que a literatura exerce na vida da gente. No texto, o personagem se contamina com a obra do escritor tcheco Franz Kafka e decide ser escritor, entretanto, ainda adolescente, acaba por reencarnar o próprio Kafka e discutir sobre o cinismo, a melancolia e a frustração que sente por não conseguir realizar sonhos ao chegar à maturidade.
A iluminação de Lu Lopes é um espetáculo a parte. O jogo de sombras, penumbras, cria um clima que nos remete tanto às memórias do personagem quanto à idéia de identidade não revelada/assumida. A paisagem sonora da peça criada por Ly Sarkis é interessante e vai de música para criar uma emoção piegas, como no relato do pai sobre o filho, passando por misturas de sons que criam momentos agonizantes e claustrofóbicos, até offs que remetem à lembranças.
O manequim, sempre em cena, seria a presença metafísica do próprio Kafka durante todo o espetáculo? O ator relaciona-se com ele apenas no início do mesmo, quando veste a roupa que ora o manequim portava. Colocar o figurino do manequim confere ao personagem uma metamorfose. A metamorfose kafkiana? Mas depois não se relaciona mais diretamente com o mesmo, e este fica ali, imponente, tal qual o pôster do astro do rock ou do futebol pregado no quarto que a maioria dos adolescentes idolatra.
Destaque para a cena em que as páginas de O Processo são arremessadas para o alto e caindo numa velocidade lenta, espalham-se por todo o chão deixando o palco belamente sujo. Aliás, durante a peça inteira coisas são deixadas pelo espaço. Pontos positivos para a sujeira que se instaura, mas, pela conversa com o ator após sua apresentação, foi algo que incomodou os presentes. Uma questão de gosto, ou interpretação.
Um espetáculo com um começo triunfal, um desenrolar humoristicamente negro, denso e de repente... acabou? Acabou mesmo? Todos ali sem saber se aplaudiam, um final incógnito, faltou algo que fechasse o solo, não sei o que é. Talvez Gerrah e sua companheira venham a descobrir o que falta com o aprimoramento do trabalho, algo que foi sugerido a ele após o espetáculo pelas figuras teatrais influentes de Goiânia presentes, haja vista que a peça ainda é um bebê concebido há pouco tempo, meados do ano passado.
Na peça fomos tocados pelas idéias, pensamentos de um homem que embora cercado de pessoas, amor, trabalho e diversão, sente-se solitário. E para tanto perde/funde sua identidade com a do ídolo, copiando-lhe inclusive o penteado repartido ao meio. Mas, um dia acorda... e não se reconhece. Em cena há a “kafkanização” do personagem e após anos frustrados por não atingir seus objetivos de juventude, há a “deskafkanização” do mesmo. Quem nunca buscou sua auto-afirmação alguma vez através de um ídolo? Algo natural do ser humano, principalmente na adolescência. Quem nunca foi altamente influenciado por alguma leitura que ficou ali, batendo estaca em sua mente até ter coragem ou força para tomar alguma atitude? O que fazer com que a literatura faz com a gente? Kafka influenciou Jair que influenciou Gerrah que me influenciou a escrever esse texto. A literatura faz coisas com a gente. Pensando mais profundamente sobre leituras que realizei durante a vida, talvez, se não fosse On The Road nunca tivesse separado e estaria num casamento machista e solitário até hoje. Obrigada, sir Kerouac. Sim, a literatura é muito “perigosa”. Não era à toa que Hitler ordenava que se queimassem livros durante o Nazismo. Mas Liesel Meminger era muito sábia! Alguém discorda que ela era?
Aconselho mergulharmos mais nas manifestações artísticas que ocorrem no interior do país, independente dos meios de comunicação indicá-las ou não, do centro-oeste, norte e nordeste, certeza que será uma experiência de muitas surpresas e aprendizado. E poderemos contar sobre o que festivais e a arte, interiorana e do extremo norte do país, podem fazer com a gente também, ajudando grupos e artistas a saírem da situação de descaso e abandono, da pressão constante. Está certo que a peça assistida é de São Paulo, e Goiânia, palco do festival, é uma capital, – mas a partir daqui já podemos começar a pensar em desbravar um Brasil culturalmente esquecido. Sabiam que Goiânia tem um festival nacional de teatro?
Thursday, July 21, 2011
Foto performance...
Experimentar... experienciar... externar... palavras que farão parte do meu vocabulário com mais frequência a partir de agora... às vezes sufocamos alguns desejos, matamos sonhos e nos livramos de projetos por... pelo que mesmo? Essa fase nova, essa ALESSANDRA IN PROCESS mostrará uma nova face dessa mulher que vos escreve, que nunca foi a mais normal, nem a mais legal, nem a mais inteligente e tampouco a mais bonita, mas talvez a que tivesse as ideias mais malucas e muitas vezes se reprimiu, não pelo medo do erro, porque errar é sadio sim. Mas por medo de julgamento, da humilhação, como aconteceu tantas vezes. Mas, depois que você aprende que quando apanha não precisa dar a outra face, mas arreganhar a boca no trombone e chorar e gritar com muita vontade, ah, você ganha seu espaço e o respeito que DEVE e MERECE.
Nas fotos acima, tiradas hoje por meu filho, que me compreende tão bem... está eu, colocando em prática uma vontade repentina que me deu... eu queria molhar meus pés, que estavam quentes após caminhar muito um shopping daqui de Goiânia, nessa tarde tão quente, meu Deus, que tarde quente, e daí veio essa vontade, entrar no chuveiro, mas sem me molhar inteira... ah, é isso, pode parecer banal, mas sou muito adepta do simples e básico. Gosto muito mesmo.
Monday, July 18, 2011
Silêncio...
É aquele momento delicado, ao extremo... aquele momento em que você prefere silenciar a falar besteiras, a fazer besteiras. É aquele momento em que você precisa pesar, analisar, até entender (tenho tentado)... complicado momento, momento de renúncia e abandono, mas não sem antes agir com muita calma e até frieza!
A questão é que tem que haver muita paciência porque senão eu atiro tudo pela porta, no meio da rua!
Então silencio... shhhhhhhhhhhhhhhhh... silêncio!
A questão é que tem que haver muita paciência porque senão eu atiro tudo pela porta, no meio da rua!
Então silencio... shhhhhhhhhhhhhhhhh... silêncio!
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