“A Morte do Caixeiro Viajante” foi escrita por Arthur Miller em 1949 e é considerada pela crítica a peça mais importante do teatrólogo. Um drama realista ou uma tragédia realista?, possui linguagem liricamente evocativa, utiliza recursos como flashback e a deformação de fatos passados vistos sobre o ponto de vista de Willy Loman, o personagem principal, e muitas vezes possui um discurso exagerado e absurdo.
A peça em 2 atos e um réquiem (espécie de epílogo) tem como tema a questão que envolve dinheiro e moralidade, e a desmestificação do sonho americano oriundo do “American Way of Life”. Seu enredo mostra o declínio de um homem que faz escolhas erradas na vida e arrastou sua família com ele para o abismo que abriu-se frente tais escolhas. Vemos que a moralidade na peça é falsa e portanto desintegra os indivíduos dessa família.
Willy Loman, o caixeiro viajante, tem 63 anos de idade e há 36 está na mesma empresa. Pregou aos dois filhos, Biff e Happy, uma vida sadia, amizade, atividades esportivas e honestidade para vencer na vida, entretanto, seus exemplos negam tais qualidades. O protagonista é casado com Linda, mulher bonita, prestativa, que apoia e defende o marido em tudo. Biff, 34 anos havia sido o campeão do Futebol na época de colégio, mas agora está “perdido”, não é bem sucedido, não se firma em emprego nenhum e não tem mais a estima do pai, e tudo deve-se a um fato ocorrido num hotel de Boston, em que o pai perdeu seu encanto e o rapaz jamais se recuperou. Happy, 32 anos, possui um emprego medíocre em uma empresa e só pensa em farra e mulheres.
A família tragicamente afunda no que ela mesma construiu. Em contraponto temos os vizinhos da família Loman: Charley e Bernard, que ao contrário dos Loman construiu uma base sólida, com estudos, dignidade e hoje são bem sucedidos.
Os outros personagens que ajudam a compor a história são Ben, irmão de Willy, enriqueceu emaranhando-se por selvas atrás de diamantes e é parte constante nos devaneios do irmão. Howard Wagner, 36 anos, seu atual patrão, que não se importa com Willy fazer parte da empresa que o pai fundou, três décadas na ativa, o “despede”. Temos ainda a mulher com que Willy diverte-se em Boston, Stanley, o garçom “honesto”, Jenny, secretária de Charley e as jovens senhoritas Forsythe e Letta que proporcionarão diversão aos filhos de Willy, principalmente ao mulherengo Happy, que vê na mãe o ideal de mulher perfeita, as outras não passam de vagabundas.
Na peça percebemos o jogo antíteses entre: passado e presente, o arcaico e o novo, estudos e esportes, o ideal e o real, espaços abertos e a cidade em crescimento. E mesmo nos momentos derradeiros, Willy afirma que tudo o que fez foi para o bem da sua família e não admite ter “sonhado errado”, é um homem digno de piedade. Happy, ao que parece, continuará o sonho do pai, já Biff é o personagem que acorda dessa teia de falsas verdades e toma consciência de sua real condição: “Eu compreendi a mentira ridícula que tem sido minha vida.”